EM PÂNICO!
Cada vez que passeio com os botões do controle remoto pelos canais abertos da televisão, mais reafirmo que a TV por assinatura é um bem de primeira necessidade. Pois, assim como existem lonas que entre outras atrações abrigam palhaços para fazerem rir a platéia, existem emissoras que são perfeitos circos, só que os verdadeiros palhaços ficam do lado de fora, mais precisamente sobre os sofás.
Impossível acreditar que existam pessoas no mundo que passam momentos de puro êxtase assistindo programas como o Pânico na TV. Procurei assistir sobre outros ângulos para tentar descobrir alguma pérola vista por uma ótica diferente, mas durante o tempo que me dispus a isto fiquei horrorizada e me senti integrante de uma raça que está aquém dos humanos e dos animais: a raça dos idiotas.
O quadro Momento Amy Winehouse em que um homem se traveste da problemática cantora Pop é ridículo, deprimente e extremamente de mau gosto. Uma figura horrenda que emite gritos horrendos e quebra tudo o que vê pela frente é a representação estúpida que o programa criou para arrancar gargalhadas do público. E quando pessoas riem de verdade é a metamorfose acontecendo... Gente se transformando em idiota.
Num outro momento inacreditável do programa, um idiota (já transformado) tenta, através de cinco maneiras toscas, fazer a barba. Só para citar duas das cinco opções esdrúxulas apresentadas, numa a lâmina de barbear estava presa na pá de um ventilador ligado; em outra aparecia presa num limpador de pára-brisa funcionando. Desnecessário dizer que o comediante, que deve ser muito bem pago para se prestar a um papel tão ridículo, teve o rosto cortado inúmeras vezes. Tive vontade de chorar ao lembrar que naquele momento muita gente estava se matando de rir de um quadro patético e deprimente.
Não é à toa que o programa humorístico foi responsável por 137 (até onde tenho conhecimento) denúncias que relatavam a exposição de pessoas ao ridículo, apelo sexual e as palavras de baixo calão. Permito-me perder alguns minutos para tentar entender o que se passa na cabeça do povo brasileiro que absorve culturas em que a educação, o respeito e a inteligência inexistem.
Não quero crer que o Brasil esteja se transformando numa nação em que o percentual de ignorância cresce a cada dia, ou a cada noite em frente à TV. Tento acreditar que uma parcela muito maior pensa diferente, e entre o pesadelo e o sonho, apresso-me em mudar de canal.