O Homem Político
Na acepção própria da palavra, o político deveria ser aquele cuja vocação seria a de administrar bem a coisa pública. Entretanto, perece que a grande maioria dos políticos ou conhece ou segue intuitivamente a filosofia de Maquiavel, em que “os fins justificam os meios”. São capazes de pisar no pescoço da própria mãe para assumir ou manter-se no poder. Infelizmente, o método que os leva à eleição já é por meio de um processo corrupto, em cuja campanha gasta-se mais do que vão receber licitamente no seu contracheque durante todo o mandato. Assim, caracterizado está que se somam aí os meios ilícitos para que haja a compensação.
Ficamos todos nós a criticar genericamente à desonestidade dos políticos, esquecendo-nos de que fomos nós que os elegemos, às vezes sendo cúmplices também da corrupção, que é fruto de no mínimo dois agentes, o ativo e o passivo. Em pesquisa recentemente realizada sobre a honestidade do brasileiro, contatou-se que mais de 70% agiriam da mesma forma, se estivessem no lugar dos políticos. Isto significa que a maioria das pessoas só são honestas porque não têm a oportunidade ou os meios para praticar a desonestidade. É por isso que dizem: “a maneira de conhecer o caráter do homem é dando-lhe o poder”.
Nas minhas andanças, sempre procurei me relacionar com todos os segmentos sociais, por consequência também com o político. Numa ocasião, conversando com um cidadão aparentemente honesto, moral e ético, mas ocupando um cargo político, este disse que quando chega lá é difícil manter a dignidade. Ou faz parte do “esquema” ou tem de abandonar a política. Por isso os homens de bem se eximem de participar desse processo, ficando a nossa política a mercê de quem só pensa em levar vantagem, fugindo da legitimidade da função que é a de exercer o seu trabalho, visando o bem público. Este sim o verdadeiro sentido da política.