Crônica Aleatória

Crônica Aleatória

Vou comprar uma caixa de pastilhas para garganta, no caso da gente se encontrar. Conversa não vai faltar. Nem que seja na próxima maré, tem problema não, bom encontro dispensa aviso.

O que é que tem?

Tem é um monte de gente que já não se fala, e que não voltarão a se falar, por culpa, orgulho ou omissão.

Começa a quaresma - época das conclusões rápidas. Ou de nenhuma. Nem que seja marasmo, ou Equador Climático. Existe sim, eu ia te contar, pra encher lingüiça. Encontra-se dois graus acima e abaixo da linha do Equador.

Chega a quaresma – é o RAP do século XVI, ativa em todos os séculos, neste mais latente. “Ser ou não ser” sempre presente, inútil se esconder, tem problema não, mostra a cara cidadão, pra todo mundo ver.

Acho que vou comprar duas caixas. E se a gente se encontra num feriado? O que é que tem?

O que tem é estupidez a ser encaminhada para a Terra da Estupidez. O quanto antes, e já vai tarde.

O que tem é gente que pisa no próximo.

O que tem, deixa de ter.

Vou falar nada não. Vou ouvir. De orelha baixa. Já estivemos em muitas jornadas. Sei que és bela de dia, de noite, de tarde, em toda madrugada. Compro ou não compro a caixa? O que é que tem?

Feiticeiros bons de briga respeitam esse período, com a cautela do instinto. Entram no RAP com voz forte e sem melindre da estação.

Tem "o principio que atinge todo cidadão. Bons no preto ou no branco, com sem muita razão". O que tem é uma pá de gente transformando em sofrimento, o que deveria ser ferramenta de crescimento.

Acho que eu vou falar alguma coisa, senão vais dizer que sou mudo.

Tem problema não. Se disser, sabe o que eu faço? Vou pro Equador Climático. Entre as latitudes de 30° N e 30° S. Ali nascem os ventos. Vou sim, que é que tem?

O que tem é gente se tratando com tão pouco cuidado.

O que tem tá sem apuro.

"Vai pra longe escuridão, do nosso cidadão". A oportunidade está no último vagão, do último trem. Te aquieta e observa. Quem mata é a locomotiva.

E se eu te convidar pra tomar um suco de limão? Tenho o direito de estar cansado de falar, e de não querer ouvir, posso pegar na sua mão? Tem nada não. Já sinto até saudades.

O que tem não está exultante, está de porre, delirante.

O que tem não rima, lastima.

Chega a quaresma e você nem vem. Se vier, não vai me deixar falar. Parece que eu já te conheço. Já nos vimos antes, onde nascem os ventos? Já fomos navegantes, com destino abreviado? Agora ficaste em silêncio.

Tem nada não. Ritmo e Poesia saíram do fundo. Poupando vamos ter assunto. Vou enfiar o nosso encontro perto do jardim.

"Já pra terminar, todo mundo faz assim: põe a cara pro sol, senão o resto é o fim. Gente branca preta cor de colorir,

tira o gelo e mostra a cara.

Pra todo mundo rir".

O que é que tem?

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 27/02/2009
Reeditado em 14/06/2013
Código do texto: T1460624
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.