BELEZAS DE VERÃO
Neste período do ano, a maioria dos jornais, principalmente os de grande circulação e capitais, dedica diariamente um espaço para mostrar beldades que circulam pelas areias. Sereias! “Fulana na praia do Cassino, Beltrana nas areias de Atlântida”. Ninguém conhece, nunca viu a tal criatura, nem mais gorda nem mais magra. Agora é mostrada com todas suas curvas, cabelos, olhos, bocas, caras e dedos. Linda! Escultural!
Por que não colocam foto de mulheres ‘normais’ nestes espaços? Normal como é a maioria, com algumas gorduras há mais ou a menos; seios e bundas ‘naturais’, provando que o tempo não pára; a linearidade das curvas comprometida pela diminuição do colágeno: estrias, celulites, pelanquinhas, gordurinhas, barriguinhas, ruguinhas. Por que não é bonita? Paradigmas da moda, época, cultura.
No passado quando os padrões de beleza eram outros, a mulher tinha que ser branca, para provar que não precisava trabalhar ao sol para sobreviver, e gordinha para provar que não passava fome e tinha um corpo bem constituído para ser uma boa mãe. Este era o estereótipo das modelos da época. Pousavam para os grandes pintores como Renoir (1884/87). Suas mulheres nuas, fisicamente palpáveis, corporificadas, vivas, opulentas eram disputadas pela elite mundial a peso de ouro.
Hoje temos que passar fome, gastar muito em cosméticos, estéticas, dietas, trabalhar e malhar, para transpirar beleza. Que loucura gente!
Na verdade existe uma enorme diferença entre uma mulher bonita e bela. Nem tudo o que é ‘bonito’ é ‘belo’, no sentido literal da palavra. Existem muitas mulheres belas, mas não tão bonitas, passeando pelas areias neste verão. Mas esta beleza nenhuma câmera capta. Nem mesmo estas digitais com alta resolução de imagem. Uma mulher bela é elevada, sublime, agradável aos sentidos. Vai muito além da sua pele e forma. É inteira, única e original. É encontrada no olhar, no sorriso, na atitude. Com esta beleza, os cremes e bisturis tornam-se obsoletos. Esta beleza o tempo não rouba, só aprimora.