Raiva de si mesmo.
Não sou psicólogo para abordar o tema Inteligência Emocional com maior profundidade. Entretanto, por ter lido alguns livros, principalmente o do autor Daniel Goleman, partindo da frase “Para o melhor e o pior, a inteligência não dá em nada, quando as emoções dominam”, ouso tratar do assunto pela vivência de um sexagenário.
Retroagindo aos meus tempos de escola, ainda no segundo grau, lembro-me que numa aula ministrada pelo próprio Diretor ele falava sobre civilidade e assim definia: “ser civilizado significa muitas vezes contrariar a si próprio para manter uma convivência sadia com o seu semelhante”. Vale salientar que o termo “muitas vezes” não significa “sempre”. Mesmo assim, pretendendo ser um Gentleman nas relações interpessoais, procurei quase sempre seguir a linha daquela definição. Com o decorrer do tempo, fui percebendo que ao agradar só aos outros, contrariando a nós mesmos, gera uma raiva de si próprio, afetando a nossa saúde, pela maior dificuldade do perdão da própria culpa.
O próprio Cristo, hoje definindo como “o maior psicólogo de todos os tempos” já nos ensinava a perdoar como forma de aliviar o peso da nossa amargura interna. Quem não sabe perdoar vive angustiado, como se tivesse tomado veneno, pensando em atingir o inimigo. Quando esse inimigo está dentro de nós mesmos, levado pela culpa de não termos usado os meios de convencimento para fazer valer a nossa ideia ou decisão, ficamos acabrunhados, sofrendo as consequências da própria raiva. Assim, facilmente compreendemos que ter raiva dos outros é melhor do que de si mesmo. Desde que tenhamos um controle emocional para que essa raiva não descambe para o ódio, seguindo a orientação da música do Padre Zezinho, “que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão”, certamente o peso será aliviado.
Temos a capacidade de administrar as nossas emoções, mas há que se fazer um exercício para tal. Nada nos vem graciosamente, é preciso o esforço para o alcance dos objetivos. Na nossa vida é difícil não termos raiva, mas é sempre preferível que ela seja em relação aos outros e não a nós mesmos.