VAMOS CONVERSAR SENHORA DONA ÂNGELA GURGEL?
Sabe, dona Ângela, gosto da solidão. E para a senhora, que sente falta quando não escrevo e gosta de filosofia, direi que, antes de mim, tantos outros gostaram Heráclito, por exemplo, filósofo grego, que viveu La pelos idos de 500 a.C. , que abdicou dos direitos familiares em beneficio do irmão e retirou-se para uma montanha solitária, passando a alimentar-se de ervas e raízes. Aos sessenta anos, enfraquecido deixou-se morrer de fome. A senhora deve saber que embora só se conheçam apenas alguns fragmentos dos seus escritos, Heráclito legou importante contribuição filosófica, com a ênfase que colocou na realidade universal da continua transformação de devir: “ Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Era o que ele afirmava isto porque acreditava que uma incessante luta de contrários guia o fluxo das coisas. Tudo aquilo que parece estático, por pouco ou muito tempo, está na verdade em equilíbrio, pela ação recíproca das forças contrárias equivalentes. Com este pensamento, Heráclito tornou-se o precursor da dialética, visão das coisas, que seria desenvolvida mais tarde pelo alemão Hegel, cuja obra Shopenhauer taxou de pseudo-filosofia. Contudo, não há como negar, que, se Heráclito tornou-se o precursor da dialética, Hegel foi quem introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo , que batia com o pensamento de Haráclito e consistia em “cada movimento sucessivo surge como solução por contradições inerentes ao movimento anterior” , que passou a ser conhecido, de fato, como dialética.
E, senhora dona Ângela, encerremos a nossa conversa, deixando a palavra com outro filósofo grego de nome Epicuro,(341 – 279 a.C) que acreditava que o supremo bem, está no prazer, e o prazer autêntico é calmo, durável, uma espécie de repouso. O sábio deve afastar-se dos desejos impetuosos, cheios de violência e angústia. Os homens devem desembaraçar-se do temor aos deuses e das ambições, para obter o uso racional e moderado dos prazeres. Por que temer a morte e os infernos, se a alma não passa de um conjunto de átomos que se desintegram com o corpo? ( bem pensado, não, senhora dona Ângela?)