MINHA CIDADE
Tarde fria e poeirenta de outono, onde a paisagem
estática e impessoal me leva a caminhar
pelas ruas do centro.
Pessoas se acotovelam, correm,
empurram seus pés cansados e trôpegos
em busca de um canto tranquilo.
Para onde irão ?
Eu não sei...
Gostaria de caminhar sossegada, revivendo
paisagens perdidas e lugares esquecidos.
Mas não consigo...
Ufah ! Como correm !
Encontrões, trânsito, carros enguiçados,
buzinas, palavrões...
Desejo parar, pensar e não posso...
Sou um ser humano!
Humano, me ouviram ?
Ninguém me escuta, ninguém me vê.
Ah ! finalmente escapei.
Aqui estou numa esquina vazia.
Mas o que vejo ?
Não, não pode ser, é triste demais.
Crianças pequenas pedindo esmolas no farol,
outras se drogando, outras com a cara no asfalto...
São seres humanos, ouviram ?
Pôr do sol sem sol, só nuvens cinzas e pesadas,
anunciando que um temporal se aproxima.
Filas imensas se formam nos pontos de ônibus,
calçadas e ruas alagadas, tumulto...
É o caos estabelecido.
A noite chega trazendo com ela um grito sufocante
de alguém que foi baleado, pisoteado,
humilhado, silenciado...
Por favor, que cidade é esta ?
São Paulo ?
Obrigada.