MERCADOS MUNICIPAIS

Na minha infância, de vez em quando meu pai me levava com ele para o mercado central da cidade. Saíamos cedo de casa, logo ao primeiro sinal do amanhecer, ele segurando uma bolsa de palha numa mão e a minha na outra. Naqueles interlúdios eu me sentia feliz e importante e seguia todo faceiro admirando o nascer do sol. Quando lá chegávamos a primeira coisa que fazíamos era tomar um cafezinho caprichado na lanchonete de dona Laura, eu sorridente e me achando adulto, ele trocando prosa com os amigos que encontrava sempre por lá. Depois íamos andar por entre as bancas de verduras, frutas e legumes escolhendo e apalpando para levar os melhores produtos para casa. A carne ficava para o final, e nesse momento distraía-me com o característico odor exalado no ambiente onde havia carne de diversos animais, como boi, carneiro e porco. E a aventura terminava com nova passagem pelo estabelecimento de dona Laura, onde eu comia uma fatia de bolo felipe ou de bolo fofo, os meus preferidos.

Foi a partir de então que passei a gostar dos mercados, de passear por entre aquele montão de frutas e legumes, de relembrar os odores provenientes das várias espécies de carnes, de assistir ao ruge-ruge das pessoas indo e vindo e de me sentir vivo em meio àquela explosão de vida. Em minhas frequentes viagens, hobby que cultuo com o máximo prazer graças a Deus, costumo reservar um dia ou dois para conhecer os mercados das cidades visitadas. E sair a visitar cada feirante e seus produtos, chamando-me a atenção em especial os naturais e integrais. Assim fiz em Belo Horizonte, quando dediquei um dia inteiro para registrar na memória cada detalhe importante de tudo que fosse visto. Lá encontrei, vi entusiasmado e comprei, numa lojinha típica, tantas guloseimas das Arábias que quase paguei multa no aeroporto pelo excesso de peso. E os queijos mineiros fresquinhos, brancos e convidativos? Esses também contribuíram para a obesidade da bagagem. Além de adquirí-los acrescentei doce de leite mineiro(hummm, que gostosura!), doce de goiaba e uns pães redondos enormes com outros enrolados parecendo toalhas que somente os árabes sabem fazer.

Em Curitiba também não consegui resistir quando coloquei os pés no seu imponente Mercado Central. Especialmente porque antes, em nenhum outro que conheço, eu tinha deparado com tanta variedade de frutas, verduras e uma gama de multifacetados produtos exóticos, interessantes e atraentes. Por mim eu teria ido diariamente a esse mercado enquanto permaneci em Curitiba, somente para "namorar" e terminar comprando um ou mais item de cada coisa diferente encontrada. Fiquei realmente fascinado com tantas espécies e variedades exibidas em todo o espaço do ambiente. Alimentos libaneses, chineses, japoneses, árabes, entre outros, de onde vinham variados tipos de frutas que eu só vira através de fotos ou imagens ilustrativas, pães de todos os gostos e tamanhos, queijos mil, manteiga, nozes, castanha do Pará(por incrível que pareça, o quilo estava mais barato do que em Natal???), qualhada(seca!), meu Deus!, ali havia de tudo. Bom seria, maravilhoso aliás, que pelo menos todas as capitais brasileiras tivessem mercados assim abastecidos com tudo, de tudo um muito.
Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/02/2009
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