A Beleza das rosas

Acabei de ler uma crônica de Paulo Mendes Campos cujo título é: Fábula Eleitoral para Crianças. Um dos autores que admiro, e que tem deixado muitas obras para nosso deleite.

A história me prendeu do início ao fim. Fala de que todos os seres do reino animal, vegetal e mineral desejaram eleger um rei. Cada grupo tentou eleger o seu candidato. Não deu certo. A coisa estava muito dividida; afinal a união faz a força. Depois apelaram para eleger o candidato por reino. Alguns seres achavam-se capazes de ocupar àquela tão ilustre posição, e a concorrência era acirrada. Porém, depois da maioria ter aberto mão do que visavam, isso é, àquilo que lhe traria vantagem. Foi feita a importante escolha.

A escolhida para reinar foi uma rosa, com toda fragilidade, beleza, e capacidade de fazer a diferença.

No reino animal; entre os racionais só as crianças tinham os olhos abertos para entenderem a importância do acontecimento, e, estavam realmente tocadas pela escolha.

Mas, em meio aos dissabores da vida, havia um adulto, que perdeu a sensibilidade de reconhecer o belo. Vivia preocupado com apenas o seu mundo, os seus sentimentos, o seu querer, o seu espaço. Já não percebia a beleza das rosas, porque só sabia ver os espinhos. E, além disso, algo muito terrível tinha lhe acontecido: seus valores estavam trocados. O certo passou a ser errado, e o errado passou a ser certo.

E por pensar dessa maneira, tinha uma meta, e para alcançá-la não pensava duas vezes: passava por cima, comprava, mentia, prometia, roubava, subornava, escolhia, distorcia, tinha um jeitinho pra tudo; conseguia até o supremo esforço de dar beijos e abraços nos pobres para mostrar-lhes somente ele, era a solução para todos os problemas.

Perdeu a visão para o que realmente tinha valor; Só não perdera a visão para os holofotes da vida.

Um dia colheu a rosa e começou a desfolhá-la só para ter uma certeza: a de ser o primeiro, o vencedor, o maioral.

Mal-me-quer,bem-me-quer...

Só ele não percebia que a rosa estava morrendo. Só ele não percebia que estava causando dor, destruindo sonhos, trazendo escuridão.

A rosa morreu, porém isso não causou nenhum incômodo, porque sua visão era outra; suas metas eram muito altas. Por que deveria perder tempo com essas coisas?

Quantos entraram nesse caminho, e já perderam a sensibilidade de ouvir a voz da alma?

Quantos estão numa encruzilhada, podendo ainda ter a escolha de prosseguir num caminho onde as rosas têm valor?

Quantos que estão sendo chamados para saírem do caminho das rosas?

Tenhamos cuidado para não perdermos a capacidade de ver a beleza de uma rosa.Talvez alguém venha afirmar:Mas nas rosas há espinhos!

Li em algum lugar que os espinhos ferem as mãos de quem colhe uma rosa, porém nessas mesmas mãos feridas, ela deixa o seu suave perfume.

Saiba que você tem o poder de escolha. Uma delas é ter essa resposta lá dentro do coração: Ainda assim, prefiro às rosas.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 25/02/2009
Reeditado em 03/03/2009
Código do texto: T1456952
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.