DO MEU SURREALISMO

Diante da situação inusitada em que me vi, onde tudo o que eu falava não era compreendido, por um momento me senti o papagaio de pouca serventia de Fabiano, que o sacrificou para matar a fome sua e de sua família.

Vidas Secas... Não, não, a minha vida real nada tem de Vidas Secas. Mas, neste momento, pela essência abstrata, pelo desprezo à lógica, pelo irracional, trilho o surrealismo. E, minha imaginação, que é fértil, me faz acreditar que estou mais para a cadela baleia e, sem pelos caídos, feridas na boca e inchaço nos beiços e sem sinais de debilitação, preciso ser abatida por suspeita de raiva, mesmo não comprovada.

E, se assim fosse, de quantas vozes se ouviriam protestos? De muitas, sim, tenho certeza, mas de uma só, o silêncio. E foi essa voz silenciosa que começou o jogo estratégico entre caça e caçador. E disparou o primeiro tiro. Foi quando comecei a sentir o fim próximo, tentei reagir e até “morder” o ser silencioso com palavras e boas recordações, mas já era tarde demais, a vista começava a se turvar, e, mesmo, nessa agonia, sentia falta e raiva ao mesmo tempo do ser silencioso, até que as dores e os arrepios tomassem conta de mim, o sono chegasse e com ele a morte.

E, de fato, morri ... Morri... Ou sonhei que morri?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/02/2009
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