CRÔNICA DE UMA QUARTA-FEIRA DE CINZAS

 
  

                                                         As pragas e as ervas daninhas
                                                         As armas e os homens de mal
                              Vão desaparecer nas cinzas de um carnaval*. 

 
                      (*Versos de João Nogueira e Paulo Cézar pinheiro 

                                               imortalizados na voz de Clara Nunes)
 
 
            Quisera estes versos fossem profecia! Que hoje, todo mal virasse cinzas, principalmente, a intolerância com as diferenças, e não renascessem como a fênix. Mas, hoje, não é uma quarta-feira qualquer. É o início da quaresma. Até para quem é pouco ortodoxa, como eu, este é um período de muita reflexão. De oração. Tempo de buscar o Divino, o Sagrado que ainda há em nós, ou deveria haver.
 
            É também dia vinte e cinco. Dia de comemorar o aniversário de minha irmã mais velha, por parte de pai e de mãe, antes dela tem outra, a Graça, do primeiro casamento de papai. Mas, esta, é outra história que eu ainda vou contar.
 
            Célia, a minha irmã mais velha, nasceu para casar e ser mãe. Não gostava de estudar. Cursou apenas o antigo ginásio. Era (é) linda. Mas só gostava das coisas ligadas a casa. 
     
          Muito cedo, queria aprender a cozinhar e ajudar na luta de casa. Casou-se muito jovem. Aos dezessete anos. Foi mãe aos dezoito. Teve três filhos. Ficou viúva aos trinta e cinco. Não casou outra vez.

 
            Mulher de hábitos simples e de sensibilidade aguçada, sofreu muita discriminação. A vida não é fácil para os diferentes. E ela era. Especialmente diferente. Era sensitiva. Lutava contra isso. 

            Nós não entendíamos. Papai não aceitava. Mamãe buscava ajuda. Para alguns, ela era louca. Todos nós sofríamos juntos. O que acontecia com ela? Que vozes eram aquelas que ela dizia ouvir?

 
            Mas, Deus é sábio e soberano. Com o tempo ela aprendeu a conviver com seus problemas. Ainda tem períodos que entra em crise, mas já sabe onde buscar ajuda. Participa de grupos de oração. Pratica hidroginástica. Caminha. E passeia. Isso tem ajudado muito. É uma mulher forte. 

           Quando ficou viúva, pensávamos que ela desabaria. Deu exemplo de força e serenidade. Creio que essa força nascia da certeza de ter sido uma boa esposa, uma companheira no sentido pleno da palavra.

 
            Por isso hoje é especial. Começamos a quaresma,  tempo de preparar nosso espírito para a renovação, comemorando o aniversário de uma pessoa querida, que se renova em forças e coragem para continuar saudável e feliz entre os seus. 
 
               Você é luz em nossas vidas, minha irmã! Que Deus continue abençoando seus dias e sua vida. Feliz Aniversário!!!





 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 25/02/2009
Reeditado em 25/02/2009
Código do texto: T1456008
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