Começo, meio e fim.
Um brinde ao tédio.
Que morre.
Fim da aula de Língua Portuguesa, que vive há muitos séculos, derivada do Latim vulgar de qualquer velho no bar, que come sílabas, com petiscos e cerveja.
Prefiro o clássico.
Mas lingüística é interessante, até porque já não tem mais acento.
Intervalo.
Um ou dois cigarros e uma multidão.
Ou duas.
Não sei onde cabe tanta gente.
Fim, de volta ao começo.
Ou ao meio.
Aula do Homero.
Língua Portuguesa é meio chato às vezes, ao contrário de latim, que o mesmo ensina as duas matérias (engraçado que ele parece o mestre dos magos, só que um bocado mais alto). Tão sagaz quanto. Tem uma memória do diabo que da até medo, capaz de decorar o nome de cada aluno em apenas quarenta minutos.
Ele deve saber mais nomes que o cartório.
De volta ao fim, isso me soa muito familiar.
Nunca gostei muito de finais, sempre parece que não vai ter mais nada a fazer quando acaba.
O diabo é que sempre começa outra vez, e a gente assiste de camarote, parece que tem até a arquibancada com o seu lugar reservado, no ingresso que comprou e não pagou nada. È infernal.
Alguns lances de escada...
Pra esquerda.
Porta a fora, virar a esquina (...).
Quinze quarteirões, que nem parece tão longe assim.
Já não vejo mais distância em nada, talvez por causa do sangue anti-herói.
Ou porque a distância é tão próxima às vezes, que já acostumei.
Vida adulta é meio complicada, já escolhi ser sempre garoto por isso.
A verdade é que eu não escolhi.
Já fui escolhido, mas eu gosto, sei lá.
Essa coisa de “menino genioso e impulsivo” me causa gosto.
Adentro onde o ar enche o peito, e limpa todo “o cinza”. (contradizendo o artigo que define o gênero do substantivo).
Mais limpa mesmo.
Mais lances de escada.
- Cerveja?
- Hoje não. Só uma coca-cola com limão. Três, com gelo.
Eu gosto dessas conversas com garçom ou coisa parecida, são sempre objetivas e esse negócio de objetivo quase ninguém tem. Tem gente que acha que tem (...).
Esse treco de bar, um lugar, uma ou mais mesas de sinuca, compania. Ta feita à noite.
Pelo menos até os trocados amassados no bolso suprirem.
Eu sempre gostei de gente mais velha que eu. Então acho que tava completo ali.
Não nego que ela, ou aquela outra mais nova, me completa muito bem também, ainda mais com boa silueta, cabelo anos setenta, um bom papo e um copo de uma bebida qualquer entre as mãos. E isso elas sempre tem. Parece que sabem que eu gosto.
Por trás da bola par tem uma poesia impar. É o fim da linha pra ela, o que lhe resta é o trajeto até o destino, conseguir viver tudo que puder, até acabar a vida. Ou simplesmente a próxima rodada.
Essa eu venci.
Essa ela perdeu.
Quem perdeu quem?
Quantas rodadas têm?
Quantas a gente agüenta?
Começo, meio e fim.
Ouço isso desde sempre da professora de Português na aula de reprodução de texto.
A desgraçada sempre falava a mesma coisa. Pro inferno!
Esse negócio de fim é complicado, devia parar ali, no meio. Ter a sensação de que nunca acaba.
Mas ai tem o tédio.
E ele sempre morre.
Todo mundo morre.
Foda.
Essa vida nunca pára.
Quem corre mais rápido?