CRÔNICA POÉTICA DOS HERDEIROS DE GARVAIA (Modo 9)

CRÔNICA POÉTICA

DOS HERDEIROS DE GARVAIA

(Modo 9)

A boca não é cárcere da língua

nem os dentes muralha da palavra...

Oh, cantai! Mas não canteis apenas uma época,

que o tempo é a estalagem do futuro dissidente

onde tereis somente descoberto o caminho para a América.

Fui cúmplice de Laura nos triunfos de Petrarca,

de Tétis conheci o que de Eneida o Virgílio ignorava.

Eu amava Beatriz no leito de todas as mulheres

que a Dante contemplá-las era só o que bastava...

Mais louco do que Tasso tolerante como Gôngora divino como Herrera.

Mais sincero que Miranda mais puro que Anchieta e belo como Marini.

Mais humilde que Montaigne e sábio como Zurara

mais austero que Ferrera.

Corajoso como Bellay, paciente como Shakespeare e fiel como Guarini.

Se vos parece muito e preferis ser apenas um Restelo,

ao menos o estudo com o vosso desterro cumulado

deveis deixar em paz ao modernismo bem-te-vi

que o inexorável romantismo inda não é chegado...

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 22/02/2009
Código do texto: T1452898
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