NOSTALGIA
Nestes dias estive assistindo a uma reportagem da TVE realizada na cidade de Conservatória no Estado do Rio de Janeiro. Mostrava um grupo de saudosos seresteiros, que fundaram o Museu da Serenata e da Seresta. Esta iniciativa levou a população (local) a dedicar-se ao cultivo das canções e melodias antigas, exaltadoras do amor e da fraterna amizade entre pessoas. As famílias reúnem-se em torno do assunto e atraem turismo sadio e rendoso para aquela terra carregada de energia e de luz. Pareceu-me um milagre ver pessoas com tanto zelo e dedicação entre si em épocas tão violentas. Vi, também, outra reportagem onde a Rádio Record de São Paulo retomará a veicular Rádio Novelas para aguçar a idéia criativa e premiar as donas de casa que durante os seus afazeres domésticos possam escutá-las, tal qual se fazia antigamente. Eventos nostálgicos e saudosistas, tais como estes, vieram me causar muito boa impressão, pois, temos assistido em Pelotas a algumas iniciativas semelhantes e também meritórias quando presenciamos os shows realizados pelo Projeto Pelotas Memória, dirigido por seu criador Nelson Nobre Magalhães, trazendo música da melhor qualidade, ao ar livre, onde se pode ouvir intérpretes como Joel Pintado, Wilson Tissot Rego, Pedro Monteiro e outras belíssimas vozes e interpretações que ainda nos brindam com cultura e alegria. Também merece nosso aplauso e admiração o Concurso de Conjuntos Vocais realizado pelo jornal Diário Popular, anualmente, resgatando os saudosos concursos carnavalescos dos anos 50 que se realizavam ao longo da rua XV de Novembro e ao redor da Praça Coronel Pedro Osório. Estes eventos são do bem. Trazem-nos muita paz, apontando o caminho para a pura mudança comportamental da comunidade que participa. Tudo isto é realizado com recursos financeiros próprios e alguns pequenos incentivos provenientes da atividade privada. Mas, os senhores devem estar se perguntando: E, aí? Onde queremos chegar? Pois bem. O Governo Federal, tão preocupado com o desarmamento da população brasileira para reduzir a violência em nosso país, gastou a bagatela de “quinhentos milhões de Reais” sim é isto mesmo, “quinhentos milhões de Reais” com um “Referendo” de interesses duvidosos, enquanto tantas pessoas e instituições pelo Brasil inteiro realizam o culto ao amor, à paz e ao respeito através de eventos e realizações como aqui expusemos. Por que o Governo Federal não investiu esta importância tão expressiva em projetos de incentivo à cultura? Por que não brindou projetos eleitos de forma séria para resgatar, nostalgicamente, os bons tempos da seresta e dos seresteiros? Exemplos não faltam, o que está faltando é o investimento do Poder Público, e não me digam que não tem dinheiro! Estas perguntas ficam aqui para a reflexão do leitor.
Publicado no jornal Diário Popular de Pelotas em 2006.
Do livro "Crônicas, Contos e Poesias" editado pela Editora e Gráfica Universitária da UFPel em 2007, lançado na 35ª Feira do Livro de Pelotas/Rs.