Maldita água fria
Todo dia é a mesma coisa: acordo às 07h30min da manhã. Sei que deveria acordar mais cedo partindo do pressuposto de que eu tenho que estar Às 8h na faculdade e a distância, em minutos, da minha adorável residência até a minha deliciosa prisão matinal é de 40 minutos.
Mas hoje foi um dia diferente. Aconteceu que graças à tecnologia meu celular me despertou às 5h da manhã. Confesso que tentei enrola-lo com aquela história de "soneca", o típico "só mais quinze minutinhos" (que no meu insensível aparelho de telefonia móvel só duram 9 minutos); sendo assim, consegui me levantar da cama às 6h e logo ao pôr os pés no chão senti que tinham mais coisas estranhas por vir naquele que seria um longo dia se levarmos em conta que ele começou duas horas mais cedo.
Vi toda a minha alegria se esvair de mim logo quando a água fria do chuveiro começou a escorrer pelo meu corpo. Maldita água fria.
Com toda a minha ausência de alegria, esqueci de tomar café. Saí de casa, o tempo ainda nublado, pensei: deve ser bem cedo.
Pensei eu que o sol deveria saber do meu mau humor, pois ele não veio me incomodar com todo seu calor, provocando a fúria das minhas glândulas sudoríparas. Já passava das 8h da manhã e nada do sol. O sol morreu. Sorte a minha.
Fiz minha prova com toda calma e paciência do mundo. Tentei esconder de mim mesma que eu (ainda) não estava bem, pra ver se faria uma boa prova. E fiz, suponho eu.
Ao sair da prova parecia que o ar condicionado tinha sido instalado na faculdade toda e não tão somente nas salas de aula. Senti um vento forte (e frio) bater violentamente no meu rosto e meus pelos se assustarem e se levantarem. Respirei fundo, tão fundo que senti cheiro de café, terra molhada e hortelã e desejei instantaneamente minha cama. Só então pude ver da sacada as finas gotas frias que caiam do céu e fiquei um tempo lá, observando-as e sentindo uma ou outra por vezes tocar meu rosto trazendo de volta a minha alegria. Bendita água fria.
Segui aquele cheiro de café e parei na cantina, onde pude enfim alimentar meu faminto estômago; e mais uma vez fiquei a admirar a fina chuva que timidamente caia sobre a grama e trazia aquele cheiro gostoso de vida se renovando.