Loiro Burro
-Está certo, está certo. Você tem toda a razão! Mas convenhamos, na maioria das vezes as quais discutimos e debatemos, estou sempre certa. No entanto tudo bem. Se há dias onde se fazem exceções. E realmente, aparentemente, hoje é um desses.
-Por obvio cara colega!
-Há de se salientar também a magnitude deste caso.
-De certo.
-Afinal de contas, nunca antes na historia desta nação, havíamos de imaginar um incidente como este. O qual acarretaria diversas outras circunstâncias das quais agora, não tenho a menor coragem e direi mesmo, vontade de relatar. Continuemos então a estória. Já que o tom informal nos toma antes de qualquer audiência a qual espero, não tenha a máxima necessidade de se realizar.
-Muito bem Meritíssima. Ia meu cliente distraidamente trespassando pela rua, quando de súbito o acomete, E o que seria? Por favor, Meritíssima, não me interrompa. Onde parei? Ah sim. Ia ele calmamente andando, quando inesperadamente se abate sobre sua pessoa, um assombro horrendo. Vê ele uma pequena carteira no chão.
-Horrendo...
-A toma de sobressalto já com um intuito ético e pleno de devolvê-la para o seu respectivo dono – O qual sabemos ser o Próprio Governador – no momento em que ele resolve, de gesto totalmente maquinal, abri-la no bom querer de encontrar os documentos do perdido, para levá-lo em seguida para as autoridades competentes.
-Sim, até neste ponto estou ciente de tudo. E o resto Suzanna?
-Foi nesta hora que algo de intempestivo lhe acomete. Uma pequena brisa lhe abate por sobre as mãos, deixando-a, a carteira, cair por sobre um monte de lixo por perto. Ele se encaminha ao local de forma suave, morosa e nesta hora vem o sucedido.
-Que seria?
-Um transeunte desavisado de todo o fato, joga um pequeno cigarro aceso, o que ocasiona em poucos segundos um imenso fogaréu de proporções incontroláveis. Verdadeiramente épicas tenho de dizer. Meu cliente corre para salvar a carteira, para restituí-la ao dono, porem desiste no perceber de que sua própria vida corria um perigo gigantesco, decidindo se refugiar.
-O caso cara Suzanna, é que os cartões, o dinheiro, uma soma vultosa, seus documentos em vez de terem sido queimados nas chamas e labaredas, como o resto, apareceram e foram usadas por uma ladrão, e neste momento, o nosso bom governador passa por um processo contra a sua pessoa; em mesma hora em que sabemos, nós duas, que ele não tem a menor culpa. Usaram-no como laranja para um esquema fraudatório, o qual sumiram-se dos cofres da União uma quantidade tão grande a qual temo eu em dize-la. O que me diz então?
-Sabemos ambas, que os dois são inocentes Meritíssima, basta então que a senhora absolva-os.
-E a opinião publica vai para o espaço!
-Meritíssima convenhamos, se existem vários leigos pelo país afora, os quais nunca ouviram falar nem mesmo de caixa-dois; como poderia meu cliente, sendo quem ele o é, ter feito algo de uma destreza, alias reitero, ignomínia deste tamanho?
Todavia o nosso bom governador enfim, é um político!
-Meu Deus...
-Vê se dá próxima vez você não faz uma burrice dessas! Viu Ariosvaldo!
Também se não fosse tão bonito como é hoje estaria atrás das grades. Se não tivesse nascido loiro de olhos azuis... Nem sei, nem sei! Ainda bem que a juíza te absolveu.
Acho que ela foi com tua cara...
-Senhor governador, se não estivéssemos no Brasil,
isto teria terminado mal...
Está certo que contamos com seu charme e seus belos cabelos, mas daí a fazer algo assim!