Aeromoças...

Não é todos os dias, que um estágiario pode dizer - hoje vou pegar um voo. Ainda mais em época de carnaval. Até passar por atrasos no aeroporto é coisa de gente chique. Mas se tem algo que eu não quero ser é aeromoça. Não somente porque é impossível, mas é um trabalho que exige muita desenvoltura corporal. Ficar lá na frente das poltronas mimicando o que se deve fazer em certos casos não é para qualquer um. Elas tem uma paciência. E são sérias. Fazem com que a pior situação, como a queda de um avião, seja uma coisa simples e corriqueira.

"Em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente. Puxe uma delas, coloque-a sobre o nariz e a boca ajustando o elástico em volta da cabeça e depois auxilie os outros"

Devemos manter a calma, claro, isso é completamente fácil. Mais fácil ainda, enquanto não sabemos o que significa despressurização.

Outra fala que nos conforta muito é saber onde ficam as portas de saída de emergência. Sem demonstrar pânico apontam 02 saídas sobre as asas e 02 portas na parte traseira. Só faltam dizer : andem em fila indiana até as portas.

Isso me conforta muito, mas, como nada é impossível, como elas procedem se houver um surdo no avião, e além disso ele ser cego? Tudo bem, sei que exagerei, mas temos que estar preparados para tudo. Aposto que se tudo o que elas disseram for necessário se realizar e alguém esquecer, elas não terão a mesma paciência para explicar tudo de novo. É por isso que não quero ser aeromoça, exige muito do talento teatral.

Já ia me esquecendo, o assento de sua poltrona é flutuante.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 21/02/2009
Reeditado em 21/02/2009
Código do texto: T1450691
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