Roubo de textos e não de talento!
Angélica T. Almstadter
Será que algum dia vou receber na minha caixa postal uma prosa minha toda maquiada e com um nome que não é o meu? Quem sabe...
Eu leio tantos Quintanas que são Martha Medeiros, tantos Veríssimos que nem passam perto do cronista bem humorado. Parece que nesse mundinho virtual em que não se olha nos olhos é muito mais fácil "tomar" um texto de um autor e assinar como se isso fosse a coisa mais natural do mundo, ou simplesmente fazer uma "adaptação" para deixar o texto mais suculento, mais parecido com a verve, ou o gosto de quem se apodera. Mas olha que acabo de derrapar nas minhas próprias palavras, porque deixar mais parecido com a verve de quem se apodera estou sendo generosa com esse "autor", que de autor não tem é nada.
Com o surgimento da net, vieram a tona uma gama imensa de autores que andavam escondidos, muitos talentos se revelaram, e muitos estão chegando, por aqui, muitos já aparecem prontos para serem consumidos e outros tantos vão se aprimorando, nessa troca gostosa de informações e estilos.
Mas é aqui mesmo onde as águas jorram com maior intensidade e sem nenhum pudor, por que a grande maioria nunca teria a oportunidade de ser lido, não fosse pela net, é que acontecem as maiores injustiças, e por que não dizer, a maior covardia?
Um autor quando escreve um texto, como esse que estou escrevendo, para tudo o que está fazendo e se dedica exclusivamente a escrever essa mensagem, que pode ser uma poesia, uma crônica ou um conto, e nesse tempo precioso em que ele se dedica à essa tarefa, não está ganhando nada (se for na net) a não ser a satisfação de estar produzindo algo que quer dividir com outras pessoas. O autor está se doando para uma comunidade, um grupo, pelo único prazer que lhe move: escrever. Infelizmente, paralelo a isso, existem os "autores" que não tendo a verve tão profícua, se apossam dos textos de outrem, maquia um pouco, coloca seu nome em destaque e repassa...é tão triste pensar que esse autor, que não tem escrúpulos ronde a net e como um predador avança em cima do trabalho de um colega e o roube para se tornar também um escritor, ou um formatador.
Um escritor não produz só um texto, ele pode não produzir em quantidade, mas a inspiração é dele para cada texto que escreve. Ainda que esporadicamente, e por mais lesado que esse escritor possa ser, não lhe roubarão senão textos, nunca a sua capacidade de produzir novos textos e cada vez melhores.
Tenho cá comigo, que cada texto tem como disse uma amiga, o DNA de seu autor, em sendo assim, mais dia menos dia o confronto é inevitável, pois quem lê e aprecia o texto de um autor e dele fica sendo assíduo leitor, consegue perceber quando um texto desse mesmo autor foi cruelmente alterado. A linguagem de cada um e seu estilo o tornam inconfundível nos meios por onde ele circula, e é um engano terrível pensar que maquiar o texto de algum escritor, faz do pretenso autor da barbárie, um escritor também.
Há em cada um de nós um talento a ser descoberto, ou vários, e quem perde seu precioso tempo, adulterando textos, ou maquiando imagens de seus colegas ou de pessoas que tem esse dom naturalmente, perde um tempo valioso em que poderia estar estar descobrindo seus próprios dons ou desfrutando dos privilégios que esses dons lhe conferem.
Não me importo em ser lida por todos, mas quero chegar ao que realmente falam a mesma linguagem que eu, tanto no coração quanto na razão, e se algum dia alguém roubar um texto meu, quero que saiba que; não terá roubado o meu talento, pois esse é o meu dom, e da mesma forma que produzir esse texto posso produzir outros tantos, por que minha veia é inesgotável. Graças a Deus não sou uma fraude, assino tudo que escrevo sem medo, por que assumo cada palavra que digo.