O exibicionista da internet

Fiquei horas pensando no porquê de eu me cadastrar em um "site" de relacionamentos.

Aonde eu fui amarrar a minha mula, meu Deus!

Busquei sinceramente em meu íntimo responder a esta questão.

A princípio, foi atendendo ao convite de um amigo. Depois, direcionada pela curiosidade feminina e ao navegar com frequência no "site", fui fisgada também por minha astronômica carência afetiva.

Solidão talvez...

Cidade nova, poucos amigos, baixa auto-estima, coisas do gênero.

Recebi inúmeros recados dos visitantes, muitos deles elogiando uma questionável beleza, expressa nas fotos da minha face, que tirei com minha própria "webcan".

A princípio me envaideci com os elogios, confesso e até pensei, veja bem, "pensei" por uns momentos, em colocar fotos do corpo inteiro, o que resiti graças à Deus, por não serem esses os meus objetivos no "site".

Não estava em busca de relacionamentos amorosos, mas sim de possíveis amigos e contatos profissionais.

Sutilmente, fui me envolvendo neste contexto e sendo seduzida por minha própria vaidade. E em doses homeopáticas me tornava mais e mais desinibida.

Acredito que com o passar do tempo, poderia até mesmo chegar ao ponto de me expor mais exageradamente. Quem me garante que não?

Seria este bem provavelmente o processo: uma mulher tímida e romântica se metamorfoseando em uma mulher exibicionista e vulgar, numa espécie de "streep tease" virtual.

Uma pessoa sendo progressivamente atraída para um mundo, onde infelizmente a pornografia, a lascívia, o adultério, a mentira, reinam quase que absolutas.

Não fosse um fato ter me ocorrido. Episódio este, que a princípio me abalou, mas que posteriormente, me trouxe à lucidez. Resolvi, por esta razão, postar novamente em meu diário eletrônico, coisa que pretendia ficar sem fazer por um bom tempo.

O fato foi que fui convidada por um homem, que se dizia "italiano", para uma conversa no "messenger" e por várias e particulares razões, prontamente aceitei.

Uma delas é a origem italiana do meu sobrenome Deziderio, aliada ao forte desejo que tenho de conhecer tal país.

Nunca havia conversado com estranhos na internet, e tão pouco uso com regularidade o "messenger". Tenho poucos e bons amigos adicionados neste sistema . O meu círculo social é infelizmente, bem restrito.

E quais foram as informações que obtive sobre a Itália? Um orgão sexual masculino bem ereto na minha frente. Seria cômico se não fosse trágico, pois este fato realmente me deprimiu, como bem poucos na minha vida.

- Que deselegância!

- Que grosseria!

Não foi o próprio órgão sexual em si que me assustou, pois sou da área de saúde e acostumada com o nu dos seres humanos. E longe de mim ser uma santa, embora eu viva uma espiritualidade de certo modo intensa e esta seja, sem dúvida nenhuma, forte influenciadora no meu caráter e nas minhas ações.

Acontece que naquele momento eu estava realmente vivenciando um dos momentos mais delicados da minha humilde existência e desejei através do site, interagir com alguém objetivando distrair um pouco.

Mas, esperar dos homens, o quê?

Bem feito para mim, pois a bíblia sagrada afirma que maldito o homem que confia no homem.

Melhor, bem melhor é confiar em Deus em todas as situações da nossa vida, pois Ele é o único fiel.

Agora eu já tenho uma ótima e sonora resposta a apresentar a quem ousar questionar a minha fé.

O "italiano" deu partida no diálogo amigavelmente pelo "chat" do próprio "site"; depois, gentilmente, solicitou meu "messenger".

Como essas pessoas têm facilidade de persuasão e olha que eu sou até bem esperta para estas situações, mas neste dia eu "dancei".

Como cantava o bom e velho, Bezerra da silva:

"(...) malandro é malandro, mané é mané."

Fui totalmente "mané". Pescada pela minha própria idiotice em acreditar que se pode manter um diálogo sadio num mundo tão relativo como o nosso.

Mas, foi bom para que eu pudesse aprender a lidar com esse "tal" de ambiente virtual.

Todas as coisas concorrem para o nosso bem e aquele indivíduo que me apresentou a "la bella Itália" dele pela "Webcan", me ensinou muito.

Além da mais rápida e pornográfica aula de anatomia do aparelho reprodutor masculino que tive na minha existência, ele me ajudou a ter total certeza do que nunca quero fazer na vida: que é me expor na internet, através de uma camêra ou de quaisquer outras parafernálias audivisuais a mim apresentadas.

De início, pensei em não abandonar a conversa e iniciar com o "italiano" um processo de evangelização "on line", com a "webcan" desligada, é óbvio!

Mas, ainda não atingi este nível de espiritualidade. Encerrei o assunto simplesmente com um "Jesus te abençoe". Foi o máximo que consegui digitar antes de encerrar o decepcionante episódio. Esses tipos de atitudes ainda me atordoam. Fiquei sem saber até onde clicar para fechar a página. Por alguns segundos me encontrei totalmente desnorteada.

Isto, porque a pornografia, faz muitos anos mesmo que não circula mais no meu rol de práticas. Abandonei tal hábito quando me converti ao cristianismo.

Iniciei um processo desesperado de limpeza, retirando qualquer resíduo daquele indivíduo do meu mundo virtual.

Esta, foi sinceramente a minha reação.

Pudica?

Moralista?

Vai saber!

Nem sempre temos as respostas para tudo nesta vida atribulada.

Afinal, a sexualidade humana envolve tantos fatores...

Mas, a minha idéia de sexo tem muita relação com um vídeo que gosto muito e que compunha o meu perfil no "site": da canção "Love" do John Lennon, onde ele e a Yoko Ono, demonstram alguns momentos da própria intimidade, de forma extremamente linda e romântica. Considero este vídeo magnífico, porém me senti obrigada a retirá-lo imediatamnete da minha lista de favoritos depois desde ocorrido, crendo que poderia ter sido sim, esta a razão do assédio realizado pelo exibicionista da "internet".

Nós, mulheres, nunca abandonamos essa mania de buscar a culpa em nossas próprias atitudes, quando tais eventos desgradáveis nos ocorrem.

O episódio da "webcan" me deprimiu, porque me reportou aos casos de violência contra as mulheres representados em crimes de estupro. Pensei no quão desagradável foi, simplesmente ver um órgão sexual masculino ereto bem na minha frente, quando eu não pretendia de maneira alguma isso e quanto mais ser submetida à relações sexuais de forma forçada com alguém.

Me senti extremamente ofendida.

Como boa cristã que sou, resolvi apesar de tudo, perdoar o exibicionista da "internet". Minha atitude foi de excluir o "carcamano" do meu paraíso virtual e incluí-lo nas minhas orações diárias. Afinal, quem sou eu para julgá-lo? Também tenho muitas falhas.

Jesus Cristo veio para buscar e salvar àqueles que se achavam perdidos, enfim para os doentes do corpo, do caráter e da alma; pecadores, dos quais eu no passado fui uma das piores.

Não me considero em nada mais perfeita do que ninguém. Lembre-se de que no ínicio deste texto eu identifiquei em mim, uma série de situações que gradativamente me introduziriam neste submundo virtual.

Não fosse o fato do exibicionista a me chamar a atenção para esta onda de exposição da figura na internet, eu poderia muito bem ser a próxima a agir desse modo, quem sabe?

Reafirmo que o tal episódio da "webcan" teve até a sua importância, pois me fez enxergar que:

=> tais atitudes realmente não condizem com minha personalidade;

=> sou um ser racional e portanto, com plena condição de controlar os meus instintos;

=> Deus cuida de mim mesmo nas minha fraquezas e quando penso que estou fraca é que estou forte, pois Jesus Cristo me fortalece.

Foi com certeza um golpe expressivo, mas em cristo que me faz superar tudo é que me despeço ainda com esperança de um mundo melhor, inclusive o virtual.

Um grande abraço a todos os internautas legais e aos exibicionistas recomendo juízo...muito juízo

rdeziderio
Enviado por rdeziderio em 20/02/2009
Reeditado em 23/02/2009
Código do texto: T1448595
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