A beleza triste
A BELEZA TRISTE
(O poema do "Cervantes")
Ela merecia ser bonita,como tantas outras, talvez menos merecedoras
Atirava seus cabelos para o alto,num gesto gracioso dos dedos finos
Mas ela não os tinha tão sedosos...
Seus olhos, porém, eram meigos.
Eram de uma profundeza infinita
Eles mereciam ser verdes, da cor do mar,
Ou azuis, como a cor do céu.
Mas eram castanhos e tristes, como os meus...
Sua meiguice adornava seu corpo.
Seus braços lânguidos se alçavam, tênues, meigos,
Como num doce balé que busca alguém.
Mas ela estava só. Irremediavelmente só.
A moça merecia ter os olhos verdes,
Ou, talvez azuis, ou negros, fatais
Mas eram castanhos...
Castanhos e tristes como os meus!
Suas mãos eram meigas, delicadas
Seu porte era tentador...
Mas ela estava só. Irremediavelmente só!
A moça estava só, assim como eu
que não cansei de mirá-la,com uma admiração e um respeito tímido, com estes meus olhos castanhos e tristes... Olhos tristes como os seus.
*
A moça merecia ter os olhos verdes,
Ou, talvez azuis, ou negros, fatais.
Mas eram castanhos...
Castanhos e tristes como os meus!
*