Se não fosse a casca de banana
Um momento, um ponto de ônibus,engarrafamento nas ruas,euforia nas lojas da cidade,o carnaval se aproxima.
observo.Onde estou?Estou no centro da cidade é sábado de carnaval.Muitos vão,outros ficam e tantos vão sem ir, é festa .
Nesta época pessoas se unem sem saber.Índiosa,negros,brancos,
pobres ou abastados de bens,todos são uma nação,no momento
que vestem o escudo,quer dizer a fantasia.Quem não merece
se divertir? Afinal é festa popular!
Esperem,uma casca de banana!
Alguém tenta delicadamente colocar o leve objeto no cesto do lixo
da barraca de pastéis ao lado. Aliviada sigo,mas rapidamente retorno ao lugar,em ritmo de estátua.
Vejo um casal de jovens,atiram mais duas cascas,no local envolto
de vidas,o enigma se esclarece.Momento atrás detive meu olhar na fragilidade de um senhor que não descrevi anteriormente,e agora o vejo caido absurdamente entre pacotes e insanidade social.
Pessoas chegam a grupos,aos poucos o senhor vai se" restabelecendo".
Lembro-me do noticiário que li:"O mundo está morrendo,desintoxiquem
o coração da tua mãe"! Pensei que todos tinham ouvido,mas esqueci que estamos vivendo a sociedade dos surdos,ou estou ouvindo demais?
Sinto-me por vezes um iraquiano brasileiro em plena guerra civil,afinal,as guerras iniciam assim,de um simples descuido.A festa continua.
A cena da televisão mostra imagens de um frevo maduro com
um lindo ar jovial de debutante,as ruas de pernambuco estão cheias,os
maracatus se tornam um,enquanto os trios passeiam nas avenidas de Salvador,por outro viés São Paulo e Rio de Janeiro se tornam apoteoses,enfim os recantos do Brasil estão estasiados de confetes.
Porém, o homem foi ao chão,ele escorregou no interior da individualidade humana,na inocência do brutalismo que nos torna
lideres ditadores do eu posso tudo,o outro é apenas o outro.
Talvez os jogadores das cascas de bananas não se encontraram aqui,quem sabe amanhã com tanto reboliço no ponto de ônibus,não haverá mais lixo ali,espero que seja extinto o trágico denominado estupidez ou desleixo social.Agora entro no ônibus e sumo em meio à multidão. (Érika Renata)