Mulheres

Ah, essas lágrimas teimosas. Teimam em escorrer pela minha face enquanto martelo o teclado.

Há tantos porquês na vida que não posso entender, e por isso tive que escrever pra poder visualizar melhor esses motivos, visualizar os problemas e achar uma solução pra eles.

Na época do romantismo as mulheres choravam ao ler os romances melosos, porém extremamente bem escritos da época.

Mulheres morriam de amor, literalmente. Quando não eram correspondidas definhavam e plunckt...morriam.

Quando traíam, ou morriam de remorso, sofrendo febres vulcânicas sucumbindo em delírio, ou se matavam.

Mulheres como a Luiza de Eça de Queirós, do livro ‘O primo Basílio’, ou como a Mme Bovary, de Flaubert - que cometeu o suicídio por estar por demais entrelaçada nas garras da traição e da mentira.

Mas na verdade tenho inveja mesmo é das mulheres do realismo -naturalismo.

Mulheres como a personagem principal Lenita do livro ‘A carne’, de Júlio Ribeiro, que passou por um tórrido romance - sendo solteira - com um homem casado, e acabou por engravidar, mas ao invés de se matar buscou uma solução na razão, casou-se - ela pensou e agiu com perfeição para os padrões da época.

Foi fria como os dias mais intensos de inverno, tão fria que seu amante não agüentou e suicidou-se como as mulheres do romantismo. Que lástima, os homens regrediram? Não, foi apenas uma sátira do autor ao Romantismo passado.

Se ela vivesse nos dias de hoje, daria 'au revòir' para o parceiro e sabe-se lá mais o que. As mulheres mudam tanto... tanto! São tantas em todas as épocas, multifacetadas.

O que esperar de uma mulher? Tudo e nada.

Olho pras mulheres desenhadas e desdenhadas por diversos autores, cultuadas e rechaçadas por outros tantos.

A mulher foi e é cultuada até hoje, dizem que somos complicadas, e isso deve ser realmente verdadeiro, porque cada livro escrito sobre nós é uma tese tentando ser a comprovadamente certa.

Não conseguimos conviver com as regras, choramos, esperneamos, reclamamos, mas, sobretudo sabemos que somos superiores porque sempre fomos o objeto de desejo dos homens.

Na ânsia de nos entender os homens fazem de tudo e nós, dependendo do caso, incorporamos as personagens da literatura, casa uma em uma fase, cada uma de uma forma. Milhões de trajes, feitos e desfeitos durante a vida de uma mulher. Dependendo da situação podemos nos vestir de fogo, sermos ardentes, ou virarmos uma estátua de gelo, se for o caso e o homem merecedor de desprezo.

Parei de chorar, só de pensar que hoje posso ser o que quiser, pois a literatura é minha aliada e, minha beleza, a alma mortal.

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 18/02/2009
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T1445450
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