A VACA QUE NÃO VAI PARA O BREJO

Era uma vez uma vaca que se chamava Obela. Chamava não, ainda chama. Está vivinha e acaba de ser vendida por R$1.729.000,00. E só a metade. Qual será essa metade? A quem pertence a cabeça - seu guia visual a ensinar por onde andar, o que comer, onde pisar? E o rabo? Quem governa, quem fica com o estrume de ouro? É..., por um preço desses, seu esterco deve adubar milhões de hectares numa só cagada! E a picanha, meu Deus?

Eu a vi na televisão. Tem uma corcova cujo cupim deve dar, magros, uns cinco quilos. Mas como fazer um churrasco? A vaca vale, pelo critério da venda, mais de 3 milhões. Não dá para engolir uma carne dessas. Dá dor na barriga e mais ainda, na consciência. E o leite então? Já deve sair em milk shake com o sabor que você der a ela para comer. Só não pode dar gelo para sair já em forma de sorvete. Imagine gripar uma vaca dessas! É caso de polícia, justiça e denúncia nos órgãos mundiais de proteção aos animais dotados de poderes extraordinários.

Precisará de um seguro de vida e guarda-costas, chifres e dorso, vinte e quatro horas. E juiz de plantão para um habeas corpus em caso de alguma ameaça iminente. Nem que seja ameaça de um boi sem pedigree querendo cruzar. Já pensou uma jóia dessa solta no pasto dando mole para qualquer boizinho? É bom que o dono da outra metade esteja sempre na boa com seu sócio e nenhum dos dois pense em loucuras como querer doar óvulos, dar seu leite aos pobres, se desfazer de sua parte ou levá-la para comer braquiária ou capim meloso.

E a picanha, hein? E a picanha?

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 18/02/2009
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