O LIVRO
Uma mulher sentada em um ônibus lia atentamente um livro, nem percebeu quando passou do ponto, e quando percebeu saiu tão apressada, que esqueceu o livro no banco, e como ninguém percebeu na hora, ela foi embora e o livro ficou.
O livro ficou rodando até o quatro pontos depois, quando um homem sentou e o pegou, como o livro não tinha nome, e ninguém no ônibus parecia ter visto, ele para distrair folheou o livro começou a ler, como gostou da historia o levou para casa.
No dia seguinte, o homem com o livro embaixo do braço, saiu para trabalhar, leu o livro no caminho dentro do ônibus, e na hora da volta teve que passar pelo correio e entre uma ficha e outra de preenchimento, esqueceu o livro no balcão ao ir embora. E lá o livro ficou.
Uma criança achou o livro, e achando interessante preferiu ficar com o livro a dar para os responsáveis do correio. A criança leu o livro, e como não saia muito, não corria o risco de perder o livro, e podia ser a primeira a terminar de lê-lo, desde o seu primeiro dono, mas a criança na ânsia de terminar de ler o livro, o levou no passeio que faria a casa da tia.
Resultado esqueceu o livro no ônibus, quando se distraiu em uma briga com o irmão. E mais uma vez o livro ficou em um ônibus.
Desta vez o livro foi achado por uma senhora idosa, quase no ponto final, que deu para o cobrador, na esperança que o dono o reencontrasse, pois estava com uma aparência tão gasta que devia ser de uma pessoa ou muito relaxada ou de alguém que o leu varias vezes, e podia gostar muito do livro, podia até ser uma lembrança.
E lá se foi o livro para a sessão de achados e perdidos, para esperar que algum de seus donos o procure.
Mas o tempo passou e lá o livro ficou, quando o prazo expirou, a moça que tomava conta do setor, o pegou para ler ao invés de deixá-lo esquecido, em algum lugar.
Como a historia era interessante, a moça também o carregou para todo lado, para se distrair no caminho de ida ao trabalho e terminar de ler logo.
A distração é um grande problema, principalmente para o livro esfarrapado e gasto, que foi novamente esquecido em uma lanchonete, quando a moça saiu correndo depois de pagar a conta.
Mais uma vez o livro foi esquecido, desta vez escondido no banco de uma lanchonete. Horas depois quando a garçonete que tinha atendido a moça foi limpar o local, e achou o livro, e para a sua surpresa encontro o seu livro que tinha perdido no ônibus um mês antes. Estava mais esfarrapado, mas sem duvida era o seu livro, pois tinha uma data escrita a caneta na contracapa, se bem que tinha outras três datas escritas.
Assim, a mulher que era a garçonete, da lanchonete que a moça que trabalhava na seção de achados e perdidos lanchava todos os dias, conseguiu terminar de ler o livro, era tão bom, que ela achou melhor doar para a biblioteca do bairro, para que outras pessoas também pudessem ler, biblioteca essa em que uma criança e uma homem, foram para tentar encontrar um determinado livro, que tinham achado e perdido antes de terminar de ler, ficando sem poder saber o final da história.
A moça decidiu comprar o livro, na mesma loja que, aliás, a mulher comprou o dela.