Quando MENOS é MAIS
Me encontro em um mundo paralelo durante o horário comercial.
Assuntos diversos que circulam por aqui:
_ Dessa vez fiz um cruzeiro diferente, preferi um com programação especial para as crianças.
_ New York está muito cheia, precisei dividir quarto com meus filhos por falta de vaga em alguns hotéis. AH, nem te conto que comprei uma mala extra para voltar. Comprei 15 calças jeans.
_ Comprei uma Harley nova, chega na próxima semana. Vamos marcar um passeio?
_ Foi maravilhoso o passeio pelo Grand Canyon, só achei um pouco ruim a distribuição no avião.
_ Foi tranquilo manter os filhos em casa nas férias. O condomínio contratou uma equipe circense, com um programa muito bem elaborado e os instrutores ficaram todos os dias em período integral divertindo a turminha.
_ Desta vez não escapei da alfândega, tive que pagar. Mas tudo bem, afinal trouxe 3 notebooks e eles só viram dois.
_ Esses tempos estou tranquilo no quesito náutica. Meu barco novo está gastando apenas 200 de combustível por final de semana.
_ O que era aquele avião na volta de Las Vegas? Como deixam gente assim voar? Só faltava ter galinha voando. Estou certo de que muita gente ali havia entrado pela primeira vez em um avião. Sabe como essas pessoas conseguem visto? Compram um pacote de viagens em 48 parcelas e quando estão com tudo pago vão ao consulado pegar um visto e até pegam mesmo um visto para 3 meses. Imagina que absurdo.
Esses são os papos, esse é o clima. Ainda não fui contaminada, até porque meu salário não permitira contrair esse vírus, alguma vantagem tem ao menos.
Será maravilhoso conhecer o mundo um dia, viajar e ter acesso a culturas diferentes, a lugares encantadores, mas jamais quero ser dona desse tom soberbo que ouço muitas vezes. Sinto a frieza das pessoas.
Me espanta a incapacidade de ver a essência, me choca perceber que o status vale mais que o momento e que pensar na próxima viagem faz parte da viagem atual.
As pessoas vivem na superficialidade, boiam quando têm um mar inteiro para explorar.
Andam de barco e não conseguem observar a magnitude do universo, mesmo quando olham para todos os lados e só podem ver água por todos os lados.
Se entopem de bebidas, se entulham de marcas, pensam ser os melhores, mas não há o que faça passar aquele aperto no peito.
Ignoram que a mocinha démodé que serve o café vive momentos lindos pulando na cama com o filho quando chega em casa e que o salário que ela ganha não dá para pagar todas as contas, mas garante um sorriso do filho no dia do pagamento quando ela o presenteia com uma barra de chocolate.
Menos é mais.