O LEITOR O FILME
 
 
         Parece que o filme foi feito para os inteligentes, para os poetas, para os sensíveis, para aqueles que têm alma e compreensão profunda dos seres humanos e a sua humanidade.
         É de uma beleza plástica visual extraordinária. Quem for superficial não vá ver o filme O LEITOR. Será o desrespeito a uma obra de arte e será uma perda do seu próprio tempo, que merece ver uma comédia na TV apenas.
         O filme é tal excelência que mede a nossa própria capacidade de saber ler e de absorver a arte. É ARTE.
         Na platéia, numa cadeira próxima à nossa direita, um rapaz dos seus trinta anos, quieto no seu lugar, lá pela metade do filme, levantou-se e saiu rapidamente.
         Na nossa esquerda, um homem velho, cabelos brancos, adormeceu. Um pequeno toque e o acordamos para não perder a linha da história da fita. A partir daí ele se sentou mais empertigado na poltrona, e emitia sons e até palavras como se fossem apreciações, completamente sem sentido e despropositadas. Um retardado incomodou-nos, a ponto de trocarmos de lugar, pois o filme é de tal ordem intensa e sutil para a sua compreensão e deleite, que é preciso estar ligado nele, sentindo e pensando para não perder a sua beleza. Ao terminar o filme vimos que o velho chorava.
         O ator é o mesmo que fez o filme “O jardineiro fiel”, e a atriz é aquela mocinha do “Titanic”, agora, uma mulher.

          Acordei agora quase meio-dia, e compreensões de detalhes tardios do filme logo me tomaram. É lindo, belíssimo.
 
         A vocês do Recanto das Letras recomendo que vejam o filme, cuja história é baseada em um livro que está sendo lançado. Vocês poderão lê-lo no original inglês, uma dose dupla de prazer. Mas reitero, não leia o livro antes de ver o filme.
         A IMAGEM DA ARTE e a EXPRESSÃO DA PALAVRA, ou seja, o filme e a literatura são duas formas de expressão do sublime do ser humano. Na literatura construímos nosso próprio cenário e personagens, o que, em geral, é melhor ler o livro e depois o filme passa a ser uma mera cópia.
         Neste caso de O LEITOR o filme é tão belo, que pede para ser visto pelos olhos da produção especial, música, imagens, interpretações magníficas. E tem muito a ver com o nosso próprio crescimento na vida que construímos ou que nos é construída.
         O livro será uma outra coisa boa e pessoal. Provavelmente lindo também, mas corre o risco de perdermos na sua leitura as sensações despertadas em nós pela cinematografia, que é composta de uma mistura de muitos esforços de arte que não dominamos.
         Faz sentir. Faz pensar. Faz refletir. Faz compreender e sofrer. Contribui muito.