Saudades Imaginárias
Todo adulto que se preze já teve um amigo imaginário. Desses que só a gente vê, e que pai e mãe insistem em dizer que eles não existem. Como não existem?
Até os meus doze anos, eu o via todos os dias. Confesso que tenho saudades. É tão mais fácil conviver com eles (os amigos imaginários), pois eles sempre concordam com tudo, estão sempre de prontidão e o melhor só falam o que queremos escutar. Nada de broncas, puxões de orelha, e palavras que nos magoam. E o melhor de tudo, nunca apareciam naquele dia em que eu queria ficar sozinho. Eles sim, e somente eles me entendiam por completo. E tenho certeza que com vocês foi a mesma coisa.
Aliás, acho uma injustiça eu com 20 anos não poder ter um amigo desses. Já tentei. E meus queridos leitores nem percam tempo insistindo, eles não aparecem. Ouvi outro dia na escola uma garotinha falando pra outra, que se ela quisesse emprestaria sua amiga invisível, mas ela teria que acreditar. É acho que é isso, quando crescemos nos tornamos mais céticos, e menos realistas. Porquê eles continuam do nosso lado, tristes, pois não os vemos mais. Perdemos a inocência, e ganhamos uma malícia que nos tira a credibilidade em amigos invisíveis, coelhinho da páscoa e papai noel. Eles só estão esperando que a gente os chame novamente, pra dizer-nos que a vida é muito mais fantasiosa, do que nossa mente possa um dia imaginar.