E ELE DE NADA SE QUEIXOU

Tem certos dias na vida da gente que seria melhor nada escrever. Hoje, para mim, é um desses dias, mas, é a tal coisa, para quem lida com a escrita, o ato de escrever torna-se compulsivo , Cervantes que o diga, quando assim se expressou: “... meu primeiro movimento é logo tal comichão de falar que não posso deixar de desembuchar o que me vem à boca”. Estou triste porque morreu o meu peixinho de estimação; ta certo que não era nenhum Nemo e não tinha um pai super protetor chamado Marlin pra cuidar dele e eu nenhuma Dory. O meu chamava-se Bruno e morava sozinho num pequeno aquário; nos tornamos amigos faz algum tempo, sei que ele me conhecia, precisava ver a alegria dele quando eu chegava perto do aquário, ele subia à tona e como balançava a calda! Ai eu conversava, falava de mim, perguntava dele. Ontem de noite foi a última vez que conversamos e ele de nada se queixou, morreu como viveu silencioso... Agora, a tristeza da morte do meu peixinho juntou-se a uma outra, e antes que exigissem de mim “um sorriso farsante” só me restou ir até onde o enterrei e dizer pra ele como me sinto... “ É como um bisturi / cortando fundo / o lado interno da minh’alma / Depois se enxergará / somente / a cicatriz exposta / e / exigirão de mim / o riso mais farsante / e / ao que me resta /chamarei de vida. (Ilusão / Rubens Lemos)

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/02/2009
Reeditado em 16/02/2009
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