O que ela não queria,mas ouviu!
Já escrevi sobre a audição,em meu texto "Música,por favor!".
Para mim continua sendo o sentido mais rebelde,porque o ouvido não consegue ser seletivo.Se rebela!Sempre fica um barulhinho quando você tapa as orelhas em concha,ou aperta o orifício com o dedo para não ouvir o que te falam,como fazem as crianças.
As vezes ouvimos mesmo o que não queremos.Mas é involuntário.O som atravessa paredes,sobe prédios,invade a sala na hora que estamos vendo tv ou ouvindo uma boa música.Ouvimos aquele grito vindo da rua,o som daquele carro passando,o cara anunciando o botijão de gás,o estudante de bateria que mora do outro lado da rua,e você nem sabe quem é!A música "funk" tri alta do filho do vizinho lavando o carro,quando você quer dormir mais um pouquinho pela manhã,com todas a quelas pérolas de linguagem,que você acaba se surpreendendo com seus filhos menores sabendo a letra também!
Pior ainda é a situação de uma grande amiga.Nova divorciada do grupo,mudou faz pouco para um prédio.Prédio antigo,com vizinhança tão antiga quanto suas paredes,dos anos cinquenta.Fim de casamento,nova vida,casa nova!Tudo lindinho,limpinho,beleza,bem a carinha dela.Seria o paraíso...seria!
O problema são os sons da vizinhança.Sons que ela não gosta de ouvir,nem eu gostaria!
Ela nos relata que a única vizinha mais jovem do prédio,além dela,é a vizinha do térreo.É uma moça muito agitada,radical,com visual que mais parece hippie,saído do filme "Hair":óculos escuros dia e noite,cabelão desgrenhado (afinal pente é produto da cultura mercantilista e da tradição do passado!),vários tops com franjinha,jeans abaixo da linha da cintura sempre precisando de uma aguinha,pulseiras de couro e colares mil,tatuagem da Hello Kity no tornozelo e camisetas cor de rosa com a cara do Che Guevara,enfim!
Não parece ter mais que trinta e cinco anos,e seu apartamento,que fica debaixo do de minha amiga,tem um pequeno jardim inusitado,aproveitou o espaço.É cheio de anôezinhos,pedrinhas,vasos improvisados em latas de tinta,cadeirinhas de praia e bandeirolas budistas,penduradas em um arame,que as vezes disputam espaço com as roupas.Quase toda a semana a vizinha faz uma reuniãozinha.Um cheiro de incenso sobe e se espalha por todo o prédio.Até aí tudo bem.
O problema começa na festa!Muito íntima,poucos convidados.É uma festinha com muito entusiasmo,muita cerveja e cantorias,música alta,descontrolada!E quando termina,nas madrugadas,ela "namora",
mas namora num volume tão alto que os outros vizinhos acompanham feito novela!
Um verdadeiro Big Brother ao vivo,no jardim da sua casa!
O diálogo do "namoro" parece saido da letra de uma música funk,de tão explícito e truculento!Minha amiga relatou no trabalho alguns,o que renderam muitas risadas,embora a gente seja solidária umas com as outras,mas era só imaginar a reação das pessoas e os atores "esforçados" que não nos segurávamos "no salto" e as piadas se multiplicavam como moscas em padaria!
Assim,no relato a coisa era engraçada demais,mas na real é chato,porque ninguém gosta de ouvir,principalmente quando se tem crianças ou idosos que precisam de descanso prolongado...Sexo deve ser mais privado,quando moramos em conjunto!Já falaram sobre isto até na reunião de condomínio,diálogo complicado,cheio de cuidados para não melindrar a pessoa.Mas mas nada da moça se emendar!Neste Big Brother da vida,tá difícil a solução, já que ninguém nem o bom senso conseguem encostar a moça no paredão!Pobre amiga...