Servir para viver.
Na semana passada, havia me ausentado da sala de trabalho e quando estava retornando, passando na antessala, uma colega me pediu para atender a uma senhora, pois ela estava atendendo a outra pessoa. De pronto falei que sim e pedi que a senhora me acompanhasse até minha sala.
Ofereci uma cadeira e esta se sentou a minha frente. Comecei a atendê-la, mas uma vez por outra era interrompida por alguns telefonemas; ora o convencional, ora o celular, ou mesmo por outra pessoa que chegava à porta, a fim de pedir alguma informação. Assim é a maioria dos meus dias de trabalho, embora pareçam muito movimentados, mas sou feliz com eles. Realizo-me.
Em determinado momento, observei a expressão daquela senhora; vi que algo a perturbava. Não quis ser indiscreta e perguntar-lhe o que se passava, porém deduzi o óbvio – que, quando estamos sendo atendidos tudo o que queremos é que ninguém venha a interromper, para logo se chegar ao final. Que naquele momento se quer exclusividade. E decidi que não mais deixaria ninguém atrapalhar aquele atendimento. E assim o fiz. Mais um telefonema, dessa vez era interno; um colega solicitava uma informação. Respondi que naquele momento não poderia ajudá-lo porque estava atendendo a uma pessoa e já havia sido interrompida por várias vezes, quando terminasse eu retornaria a ligação.
Então a cliente manifestou-se e falou: “ah, eu estou mesmo precisando ir embora. Estou com uma forte dor de cabeça. Sinto-me muito mal”. Nesse momento descobri o que a incomodava. Perguntei-lhe se gostaria de tomar uma água ou algum analgésico e esta falou que era alérgica, não tomaria nada. Quando finalizasse seu atendimento, ela se dirigiria ao hospital no qual tem convênio, para ser medicada. Indaguei se estava acompanhada e ela falou que não; pegaria um táxi. Confesso que fiquei preocupada, diante daquela situação e falei pra ela que mandaria deixá-la. E assim o fiz. Pedi ao motorista da empresa que fosse deixá-la no hospital. E logo que terminei seu atendimento o motorista já estava à espera para levá-la.
Quando mais tarde este voltou, veio perguntar-me quem era aquela senhora, respondi-lhe que não a conhecia. apenas a atendi e vi que estava necessitando de ajuda, pois estava sozinha e com uma forte dor de cabeça. De repente poderia ser grave. E este me informou que a deixara no hospital e que ela não estava nada bem. Passou-se o resto da semana. Iniciou-se outra, quando na terça-feira desta semana, de repente minha porta se abriu e era aquela mesma senhora que apareceu – desta vez, com uma expressão leve, tranquila e com um sorriso nos olhos – e disse-me: “... vim aqui agradecer-lhe; muito obrigada por mandar me deixar no hospital naquele dia, minha pressão arterial estava muito elevada e fiquei por dois dias internada”.
Naquele momento bateu uma forte emoção em meu ser, não por receber aquele agradecimento, mas por ter colaborado com alguém que necessitava. Fez-me um bem enorme. Talvez muito maior que o que fiz por ela. Não fiz nada de extraordinário. Com certeza, qualquer um faria.
E ainda refletindo sobre esse ocorrido, vem a minha mente uma frase, que agora não me lembro de quem é: “se não vivemos para servir, não servimos para viver”. E não podemos desperdiçar a oportunidade que nos foi dada, por nosso criador – a vida em abundância.