Onde está a Ângela?
Esta crônica começou a ser escrita no momento em que me lembrei da Ângela. Estava a passear por estas linhas transversais, a rir, a pensar, a quase chorar, quando um estalo me colocou de volta sobre a cadeira em frente ao monitor: "Por onde andará a Ângela (a M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel)? Não a vi mais, será que ela está viajando"?
Ao inquirir isto a mim mesma me dei conta do laço que estava criando entre mim e alguém que só conheço através de uma fotografia colorida e de centenas de palavras que compõem uma biografia sensível e poética. Não é assim com todo mundo, senão não se comporia um laço. Mas, foi assim com a Ângela.
Fui me intrometendo em seus textos e através deles, indiscretamente, delineando o seu coração e mente. O físico já se escancarava a mim, numa foto sorridente, daquelas que revela gente de bem com a vida. E foi assim, que criei a minha personagem Ângela. Ou será que desvendei inteirinha (numa empatia virtual) a verdade sobre a mulher bonita que sorri para mim daquela foto?
Só sei que me vi tentando adivinhar por onde ela andava, pois senti sua ausência aqui. Como acontece com as amigas não virtuais das quais sabemos, naturalmente, se não todos os passos, pelo menos quando vão viajar. Me senti bem enxerida e cheguei a pensar se a freqüência que por aqui tenho passado não tem virtualizado demais o que deveria ser a vida real ou esteja me transformando numa bruxa cibernética. Espero que tenham me entendido.
Como que para aquietar os meus pensamentos lunáticos, Ângela veio me visitar no dia seguinte e deixou um recado dizendo que o trabalho e mais alguns problemas a haviam raptado e, que tinha sentido falta de meus textos. Respondi na hora: “Ângela, tu não vais acreditar! Ontem mesmo me perguntei se estavas viajando, pois senti a tua ausência aqui”. Arrematei com certo suspense: “Isso vai me render uma crônica, aguarde e verás”.
Então aqui me encontro escrevendo sobre a Ângela e esta estranha ligação que une a nós, os escritores deste mundo surreal. Discorrendo sobre as loucuras do coração que avança através da tela do monitor percorrendo os canais invisíveis de conexão até chegar numa sintonia física, transformando o que deveria ser ilusório num sentimento real. Fazendo da Ângela, uma querida amiga.
Outro dia, após ler uma das fabulosas crônicas de Maria Olímpia me atrevi a perguntar qual o seu signo, apostando comigo mesma que ela deveria ser Aquariana ou Ariana. Pois a intimidade que passo a ter com seus escritos, somada ao perfil irreverente da sua foto, me permite ousar delinear com maior precisão, alguns traços de sua personalidade. Me enganei, não é Merô?! (Estava louca para chamá-la assim). Mas, estive pensando, Peixes está entre Áries e Aquário, tem esta coisa de ascendente...
Valeu meninas e meninos! E... (Como me perguntou outro dia uma amiga daqui, do mundo real) Quando será o nosso Sarau Literário? Eu levo o vinho! "