E s p e r a n ç a

Nunca é tarde para digerir as coisas fúteis e sentir o gosto fresco de realidades menos “aprisionantes”! Somos a própria liberdade que diluímos quando nos retemos nas prisões de nossa consciência, sob o jugo atemporal de culpas e dissabores experimentais na essência de nossos fados. Ah! A doçura célica e angelical dos gestos sonhados, dos atos imaginados, das lembranças de coisas inexistentes mas desejadas! A deliciosa frustração do não ter pra sempre, mas do ter agora, querendo-o através da loucura de buscar...

Mas é como dizem _ Seres Humanos não sabem ser Humanos _ Ser humano é poder enlambuzar-se de erros e falhas sem martírio, culpa ou julgamento. Para Ser humano é necessário enveredar-se pelas vias das imperfeições que nos caracterizem como únicos e insubstituíveis! Ser humano é a pureza de emergir segregadamente dentre os vértices do tempo, esvaindo-se nos prazeres escondidos aquém vida, dalém morte, onde as almas repousam sobre a imensidão paralela de nossos sonhos! Ser humano é ser combustível inconsumível até que se encerre o fôlego, é o procurar constante de algo que não se conhece, é a eterna experimentação da vida que luta por mais vida! Ah! Se todos soubessem a grandeza que é apenas ser, dentre tantas ciosas desprezíveis que povoam o universo!

Na verdade o que é mais lindo em ser humano é a capacidade que temos de reconstruir.Porque não nos importa a queda, o embaraço, a dor, as paredes, as muralhas, os buracos, calabouços e até mesmo a morte. O que nos importa é uma força estranha que nos faz crer que necessário é continuar, uma esperança que se alimenta do desconhecido para a preservação de um futuro que mesmo incerto serve de seiva para a subsistência insistente de nossa natureza!

Talvez o que incinere toda esta voluptuosa essência é a obstinação de alguns seres que teimosamente preferem ser expectadores da vida! Assistem os anos escorrerem dentre os dedos como se não houvesse mundo à sua volta! Matam, roubam, destroem, separam, fogem, desistem, param, caem... Mas a Esperança ainda resta, nem que de forma derradeira, como a mais pérfida e hostil de todas, aquela que reside dentre os becos fétidos e imundos da consciência, dentre o chorume e a carniça de espíritos empobrecidos pelo diabo, o sentido que buscam para suas medíocres existências, a esperança estúpida de pensar que a morte lhes oferecerá um novo recomeço, como se a vida todos os dias já não lhes tivesse feito isso ao acordar!

PS: A Vida só serve para quem não tem medo de viver de verdade!