A LIÇÃO DE UM POBRE VELHO
Costumeiramente faço minhas caminhadas na tradicional praça sesquicentenário, onde encontro diversos amigos.
Numa sexta-feira pela manhã, resolvi mudar o meu trajeto e fui caminhar no Bairro da Serra.
Quando passava por um local realmente maravilhoso, onde tinham diversos eucaliptos e uma paisagem deslumbrante, encontrei um pobre velhinho sentado na beira da estrada pedindo esmola. Parei um instante e dei-lhe um pouco de atenção. O velhinho chamava-se Tino.
Fiquei perguntando um pouco sobre ele e encantado ao mesmo tempo, pois S. Tino era dotado de uma sabedoria ímpar. Um fato muito interessante que ele me contou, foi sobre o Jovem sem Destino.
“Havia um jovem muito bonito, que tinha uma certa estabilidade na vida, mas não era rico. Vivia ele cercado de conhecidos e estudava numa escola pública.
Certa vez, este jovem conheceu uma moça muito simpática, cheia de charme, de boa conversa e que mudou sua vida completamente.
Ele era um aluno que tinha muito interesse pelas aulas, mas pela influência de sua namorada começou a se desligar de tudo que gostava. Além de cursar o 3º colegial, ele estudava piano, pois seu maior sonho era ser pianista. Mas, sua namorada não lhe motivava para tal carreira.
Ela gostava muito de sair, e assim não dava tempo para que o jovem pudesse estudar. Mas chegou um dia, que ela exigiu que ele retomasse os estudos, pois queria que ele passasse no vestibular e torna-se um renomado médico. E ao mesmo tempo, que se cassasse com ela, e que fosse muito rico. O jovem gostou da idéia de ser médico, e não parou de estudar para o vestibular.
Só que a bondosa da sua namorada, era daquelas que adoravam sair nos finais de semana, para o que chamamos hoje de ‘famosas baladas’. E olha que ela saia numa pose indescritível. Ele, muito simples, gastava todo o dinheiro que ganhava como office-boy para comprar as roupas do momento e sair com esta moça. E assim, ele foi vestindo uma máscara tão grande, que já não agüentava mais.
Numa sexta-feira à noite, ele foi acompanhar sua namorada numa festa do clube. Ela começou a beber tanto, que já não era mais a mesma pessoa. Logo depois, começou a dar em cima de um rapaz e ela acabou beijando ele e em seguida fez o maior barraco.
O jovem da história, ficou tão incorfamado que não agüentou sua raiva e foi tomar satisfação com ela no outro dia. Ela pediu desculpas e disse que não abria mão de seu médico. Ele, muito humilde e ingênuo acabou perdoando a moça e foi fazer a inscrição do vestibular, pois ela disse que naquele sábado era o último dia.
Quando ele chegou ao local, não havia ninguém, só uma pessoa que lhe informou que o prazo para a inscrição era até a sexta-feira anterior, no período noturno.
Ele, extremamente revoltado, procurou a moça para tomar satisfação. Ela não estava mais lá, tinha se mudado para outra cidade e não deixou paradeiro.
O jovem não tinha como reparar as falhas cometidas e decidiu por ficar andando pelas estradas a procura de seu caráter, de sua pessoa, pois ele vestiu uma máscara que não agüentou representar um papel de um personagem que não era ele e sim o que outra pessoa queria que ele fosse.”
Após contar tal história ele comentou a seguinte conclusão:
- Meu caro amigo, quantos jovens são assim. Iludem-se não só com um amor falso, mas com pessoas invejosas e traiçoeiras. Elas são muito boas, bonitas, amigas, pois vestem uma máscara da maldade. E por se vestirem do mal, querem a nós fazer o mal. Às vezes, aceitamos e acabamos deixando de lado, todos os nossos sonhos, toda a nossa personalidade. Devemos ser o que somos realmente, pobres ou ricos, mas nunca perder a nossa honestidade e o nosso caráter. Você, não deve ser o que os outros querem, mas simplesmente ser você, com suas virtudes e seus defeitos. Eis, que a felicidade na vida, a realização plena de nossos sonhos, não depende de ninguém, mas só de você.
Eu estava pasmado com tal lição e dei um abraço no velhinho, ainda dando-lhe um dinheiro para que pudesse se alimentar, prestando a solidariedade de um bom cristão. Disse-lhe que nunca esqueceria esta história, pois era um valor, que poucos homens tem a honra de guardar. Era a lição de um pobre velho.
Quando estava voltando para a casa, encontrei um papel dentro de minha calça, que dizia:
“Aquele jovem era eu”.
E olhando para o céu, eu disse:
- Pai, Abençoe este velho com saúde e paz, pois sua infelicidade, serve de exemplo aos que não querem errar e ter um destino feliz.