A V I S O
A vida se embaraça dentre os dedos peraltas do destino. Na verdade o que acontece é que somos uma vítima cotidiana do mesmo sobre o mesmo em larga escala. Pessoas nascem, morrem, sorriem, choram, caem, levantam, enriquecem, empobrecem, casam, separam... A Cronos de a vida inteira que nos embala como filhos... Mas de que nos importa o tempo se nos presumimos eternos? Falar de vida é utopia, porque sinceramente não há quem esteja vivo que a conheça por completo, afinal de contas, de que nos importa o mundo inteiro se amanhã teremos de acordar novamente? O que importa é que estaremos lá, custe o que custar, ainda que o dia esteja nublado, ou a madrugada traga um negro temporal ao amanhecer, permanecemos...
A maré dos ventos “maresíacos” nos leva, voamos displicentes a um lugar qualquer no futuro, desde que seja futuro é claro! Ah! O Passado não vale muita coisa mesmo, por que querê-lo? Para ele existem os asilos em nossa alma, os que chamamos de lembranças, qualquer dia o visitamos pra que ele não se sinta esquecido em nós. E os segundos dançam pendulando de um lado a outro sob os tic tac’s da existência, as horas parasitam nosso espaço, inoportunamente nos chateiam. Droga! Por quê os dias tem apenas 24 horas não é mesmo? Os dias poderiam durar pra sempre, pra que não descobríssemos a insanidade que nos aprisiona neste corpo humano, poderíamos derradeiramente assassinar os maus anos que insistem em nos enrugar o rosto e fingir estar tudo bem, preservando o para sempre em nossos corações, almas e mente, ainda que seja apenas de mentirinha...
Até que um dia o destino nos desperte deste transe infantil só para nos avisar que já passou da hora de dormir!