D. Juan de Alcochete
O que eu gosto mesmo é da sedução. Um autêntico D. Juan é que eu sou. Todo aquele jogo, aquele trabalho de conquista até elas se renderem completamente. Quando ficam na minha mão o jogo termina. Apenas para começar outra vez. As vezes que eu quiser. Tenho um mundo de mulheres à minha disposição. Tantas mulheres sozinhas. Carentes. Ansiosas por uns minutos de atenção. Como são belas essas criaturas frágeis e submissas. Generosas. Dão-me tudo. Em parte por mérito próprio e em parte por culpa da concorrência (ou da falta dela).
Os homens são muito desinteressantes. Energúmenos, a maioria. Não se expressam bem. Mesmo os profissionais da escrita perante uma mulher perdem toda a verve. Ficam em silêncio, o que para uma pessoa do sexo fraco é um sacrilégio.
Eu sou um macho mas com uma sensibilidade diferente dos outros indivíduos do meu género. Entendo-as. Começo por ser o amiguinho querido. Daí até ser o melhor amigo é um saltinho. Confessam-me a vidinha toda. Oferecem-me os trunfos que eu guardo na manga para futuras ocasiões.
Tudo isto com palavras. As minhas grandes aliadas. Um homem com a minha delicada constituição física e cara estragada pelo tabaco e a idade à primeira vista não seduz ninguém. Mas após de uns tempos de bombardeamento com a minha técnica de escrita qualquer moça relega para segundo plano aspecto físico do objecto da sua paixão.
Vivo na época ideal para a minha estratégia de caça. A era da tecnologia informática. Parecendo que não, mesmo neste país de merda, qualquer empregadazeca fabril da margem Sul tem acesso à Internet. Assim posso esconder-me atrás de um monitor. E são jovens. Oh, como são jovens!
Tão fácil deslumbrar uma rapariga nova, sem tostão, que nunca viu nada do mundo. Tudo bem organizado origina um fim-de-semana romântico, num sítio lindo com boas comidas e alguma bebida espirituosa e é certinho. Depois é até eu querer. As do povo não são esquisitas. Metem a boquinha lá as vezes que eu mandar. De vez enquando lá me sai uma na rifa mais fina, daquelas com apelido duplo e com a mania do sangue azul, daquelas que não têm onde cair mortas. Dão mais trabalho, saiem mais caras e no fim ainda dizem que sexo oral é só depois de muita confiança. Claro que acabam por fazer como as outras. Elas aprendem que é uma maravilha.
São tão boas as mulheres. Aprecio como ninguém a companhia de uma mulher bonita. E quase todas são bonitas. Cheirosas. Não entendo como os homens preferem a companhia dos amigalhaços. Conversas de merda, muitos peidos à mistura com a cerveja. Os meus amigos são todos gays. Com esses sim, me entendo bem. Não me fazem concorrência e possuem o mesmo elevado sentido de estética e um requintado bom gosto que eu.
Podem dizer que muitos outros homens coleccionam os seus troféus de caça. Mas ninguém com o brio e empenhamento que eu coloco no empreendimento. Nem proporcionam aos seus alvos uma tal excelência de qualidade de tempo.
Por fim guardo uma caixinha de recordações com pequenas lembranças e agradinhos de cada uma delas: um postalinho aqui, uma carta, um verso, um fio-dental esquecido...
Coisas do meu coração de manteiga.
O que eu gosto mesmo é da sedução. Um autêntico D. Juan é que eu sou. Todo aquele jogo, aquele trabalho de conquista até elas se renderem completamente. Quando ficam na minha mão o jogo termina. Apenas para começar outra vez. As vezes que eu quiser. Tenho um mundo de mulheres à minha disposição. Tantas mulheres sozinhas. Carentes. Ansiosas por uns minutos de atenção. Como são belas essas criaturas frágeis e submissas. Generosas. Dão-me tudo. Em parte por mérito próprio e em parte por culpa da concorrência (ou da falta dela).
Os homens são muito desinteressantes. Energúmenos, a maioria. Não se expressam bem. Mesmo os profissionais da escrita perante uma mulher perdem toda a verve. Ficam em silêncio, o que para uma pessoa do sexo fraco é um sacrilégio.
Eu sou um macho mas com uma sensibilidade diferente dos outros indivíduos do meu género. Entendo-as. Começo por ser o amiguinho querido. Daí até ser o melhor amigo é um saltinho. Confessam-me a vidinha toda. Oferecem-me os trunfos que eu guardo na manga para futuras ocasiões.
Tudo isto com palavras. As minhas grandes aliadas. Um homem com a minha delicada constituição física e cara estragada pelo tabaco e a idade à primeira vista não seduz ninguém. Mas após de uns tempos de bombardeamento com a minha técnica de escrita qualquer moça relega para segundo plano aspecto físico do objecto da sua paixão.
Vivo na época ideal para a minha estratégia de caça. A era da tecnologia informática. Parecendo que não, mesmo neste país de merda, qualquer empregadazeca fabril da margem Sul tem acesso à Internet. Assim posso esconder-me atrás de um monitor. E são jovens. Oh, como são jovens!
Tão fácil deslumbrar uma rapariga nova, sem tostão, que nunca viu nada do mundo. Tudo bem organizado origina um fim-de-semana romântico, num sítio lindo com boas comidas e alguma bebida espirituosa e é certinho. Depois é até eu querer. As do povo não são esquisitas. Metem a boquinha lá as vezes que eu mandar. De vez enquando lá me sai uma na rifa mais fina, daquelas com apelido duplo e com a mania do sangue azul, daquelas que não têm onde cair mortas. Dão mais trabalho, saiem mais caras e no fim ainda dizem que sexo oral é só depois de muita confiança. Claro que acabam por fazer como as outras. Elas aprendem que é uma maravilha.
São tão boas as mulheres. Aprecio como ninguém a companhia de uma mulher bonita. E quase todas são bonitas. Cheirosas. Não entendo como os homens preferem a companhia dos amigalhaços. Conversas de merda, muitos peidos à mistura com a cerveja. Os meus amigos são todos gays. Com esses sim, me entendo bem. Não me fazem concorrência e possuem o mesmo elevado sentido de estética e um requintado bom gosto que eu.
Podem dizer que muitos outros homens coleccionam os seus troféus de caça. Mas ninguém com o brio e empenhamento que eu coloco no empreendimento. Nem proporcionam aos seus alvos uma tal excelência de qualidade de tempo.
Por fim guardo uma caixinha de recordações com pequenas lembranças e agradinhos de cada uma delas: um postalinho aqui, uma carta, um verso, um fio-dental esquecido...
Coisas do meu coração de manteiga.