O “pai”, a “mãe” e o Problema
Acabei de ouvir no rádio um fato que me fez estremecer. Não vou citar nomes na reedição da história: A mãe de um menino de um ano e meio, repito, um ano e meio, supostamente fruto de um caso, procurou o pai para o pagamento da pensão. O pai disse que não poderia arcar com as despesas já que tem família (?) e “não quer problemas” com a atual esposa. A mãe prontamente foi embora, mas deixou o “Problema” de um ano e meio na calçada em frente à casa do “pai”. Diante da atitude da “mãe”, o “pai” pegou o “Problema” e, simplesmente, o entregou ao Conselho Tutelar com a mesma alegação “não tenho condições”. O fato aconteceu em Minas Gerais.
Durante algum tempo, permiti que minha mente fizesse um desabafo, com tudo o que tem direito, desde o julgamento até o palavrão. Tudo. Depois parei de me colocar como “uma pessoa melhor” do que pai e a mãe e me permiti estar no lugar deles, ainda que não os conheça. Houve uma breve luta com o meu Juiz particular, que insistia em me lembrar como sou legal, porém em mim há uma Nova pessoa que vem sendo forjada e disputa cada espaço com o impostor que se confunde com a minha identidade e conta com a conivência do meu Juiz. Neste turbilhão de pensamentos, questionei: “O que está acontecendo conosco, humanos racionais?”. Que vida é essa que estamos construindo a partir das atitudes? Somos semelhantes, iguais. Sujeitos as mesmas coisas. O que nos faz ver uma criança de um ano e meio como um “Problema”? Talvez devesse culpar o Governo, a televisão, a pobreza, mas não... Decidi assumir a minha parcela de culpa. Pedi perdão.
Creio em Deus, e vi no silêncio desta criança um Grito de Deus nos chamando para “Voltar para Casa e redescobrir a Vida como um presente”. Um recomeço a partir de cada um de nós.
Há... vale o registro que a criança-problema foi adotada por uma família e, de acordo com o radialista, está muito bem.
E nós, como estamos?