ROTINA.

É interessante o quanto sair da nossa rotina, às vezes, nos dá saudades e até nos causa malefícios. Quando estamos em pleno exercício de nossas atividades nos queixamos de cansaço, da correria que faz parte de nosso dia-a-dia, da falta de tempo para descansar, de um tempo para viajar, passear, entre outros. O bom é quando se planeja, por exemplo, umas férias. Porque é uma parada previamente absorvida pela mente e já se sabe quando se deve voltar para as atividades rotineiras.

Mas quando de súbito, se faz necessário a quebra total dessa rotina, o impacto é grandioso. De repente nos sentimos sem terra nos pés. Ficamos sem chão. Porque a tendência da grande maioria das pessoas é se acomodar no que faz ou vive e quando isso lhes é tirado, ficam perdidos no tempo e espaço do qual fazem parte.

Eu particularmente gosto de conservar minha rotina; costumo dormir e acordar sempre no mesmo horário, sentar no mesmo lugar à mesa, ir todas as tardes de domingo à casa do meu pai, entre tantas outras. De certa forma, sou acomodada, muito embora não tão radical. Também procuro ser racional; se for preciso, aceito de bom grado as mudanças. Sei que há momentos que somos obrigados a percorrer novos caminhos, navegar em outros mares. Mergulhar em nosso íntimo e emergir com novos e melhores pensamentos. Faz bem ao nosso crescimento, a nossa evolução. Então, se resistirmos, ficaremos para traz.

Hoje, em uma visita ao meu tio que está hospitalizado, pude observar o que a falta da sua rotina, do seu trabalho (foi abruptamente afastado de seu trabalho por ocasião de um assalto, quando atingido por uma bala), que fez parte de seus dias por longos anos, fez com sua vida. Simplesmente parou no tempo, perdeu a razão de viver. Entregou-se a depressão e não consegue vencê-la. Fisicamente muito bem conservado, porém sua mente em profunda agonia.

Conversando um pouco com ele, percebi que seus pensamentos ainda estão presos às atividades que ele desenvolveu em seu trabalho, em sua vida, quando ainda estava na ativa. E isso me levou a refletir o quanto somos atrelados às rotinas, principalmente, no trabalho, onde passamos a maior parte do nosso tempo.

Senti um aperto no peito, quando imaginei que somos passíveis, a qualquer momento, de uma enfermidade semelhante. E me perguntei: estaria preparada para uma brusca quebra da minha rotina? Sem um planejamento antecipado? Creio que não! É muito forte. É preciso uma preparação psicológica para adaptar-se à nova realidade. Devemos procurar viver em harmonia – corpo e mente – com nossa rotina, fazendo tudo da melhor forma possível; pensar, no dia em que tivermos que mudá-la; que seja para outra que nos dê prazer, nos faça sentir alegria e valorizar cada instante da existência. Sentir-se útil em cada etapa, não importando se continuamos na velha rotina ou se teremos que mudá-la para melhor alcançarmos os objetivos.

Somos capazes e merecedores de uma vida feliz e se assim não acreditarmos e procurarmos conquistar essa felicidade, jamais chegaremos a tal estágio.

07/02/09

Cellyme
Enviado por Cellyme em 11/02/2009
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