ENTRE A FAIXA DE GAZA E O RIO DE JANEIRO

A violência no mundo atual, como sabemos, está relacionada principalmente ao problema do narcotráfico ou ao problema, este já antigo, da intolerância religiosa ou política. É o caso do conflito entre Israel e a Palestina.

Uma jovem senhora, carioca, mas de família muçulmana, morando atualmente no interior da faixa de Gaza, local que, recentemente, estava sendo alvo de destruição por parte do exército de Israel, recusou terminantemente a ajuda do consulado brasileiro para deixar aquela localidade e retornar ao Brasil. Para isso usou a seguinte argumentação: “O risco é o mesmo. Já perdi por lá três parentes: dois em uma chacina e outro vítima de bala perdida. Tanto eu posso ser facilmente morta aqui como lá também. Agora, cá, pelo menos, se eu morrer, serei considerada uma mártir e lá, se eu morrer, eu serei simplesmente uma morta".

Ela confirmou isso durante uma entrevista realizada por um correspondente de um órgão da tv brasileira onde demonstrou ser, apesar da sua declaração, uma pessoa lúcida, inteligente e determinada. Não discuto aqui se a sua atitude foi estúpida ou não.

Confesso que era propósito meu escrever um longo artigo abordando a imensa violência do Rio, enfocando a semelhança de morticínio existente entre aquela cidade e um outro local em estado de guerra. Coisa que parece uma comparação esdrúxula, absurda, todavia ao verificar pesquisas de órgãos sérios, conceituados, constatamos a realidade disso. Trataria, portanto, com detalhes esse assunto, porém mudei de idéia ao lembrar do episódio acima, que considerei suficiente o seu relato para expressar o meu argumento, além de ser muito mais significativo para uma reflexão.