Padrinho
Meu padrinho era uma pessoa extremamente conhecida e benquista no lugar onde morávamos e em toda a região onde vivia, possuía o maior armazém, que chamávamos de “bodega”, atendendo a todos que dele precisassem mesmo aqueles que não tivessem o dinheiro na hora, fazia o fiado confiando apenas na palavra sem necessidade de documentos ou aval.
Para se ter uma idéia de como era respeitado por toda a vizinhança, apenas no dia em que fiquei sendo seu afilhado, havia mais oito crianças na mesma condição. Imagino que tenha sido padrinho de pelo menos 50 pessoas em sua vida.
Fui seu afilhado de crisma, senda a mesma realizada na capela do Butiá, localidade que distava alguns quilômetros de nossa casa, fomos em seu caminhão, um dos poucos que havia neste tempo, para este dia teve festa com a presença do Bispo Dom Carlos que realizou a cerimônia.
Padrinho Casimiro contava muitas histórias, sendo que a maioria delas tinha a sua participação, gostava muito de brincar e posso afirmar nunca tê-lo visto de mau humor, algumas vezes colocava as pessoas em má situação para em seguida mostrar que tudo não passava de brincadeira, apenas para alegrar o ambiente.
Tinha atenção para todos, não deixando ninguém de lado e todo o produto por ele vendido era seguido das devidas explicações que por acaso fossem necessárias para uso do mesmo.
O homem, naquele interior longe de recursos, servia inclusive de médico para certos casos, como tive a oportunidade de presenciar numa ocasião em que extraiu um tumor purulento das costas de um coitado. Lembro que na oportunidade não foi usada anestesia, apenas cachaça para o paciente e uma boa conversa para consolar o pobre. Sem contar as inúmeras vezes que receitava remédios para que tomassem, conforme o problema que sentiam, houve ocasião que até dentes extraiu.
Meu padrinho já é falecido, mas sem dúvida foi um personagem importante na minha infância a ele rendo homenagens.