Devaneio
Durante toda a tarde, Bruno tenta, em vão, concentrar-se no trabalho. Levanta-se vai até a janela e observa o movimento da rua, protegido pela grossa cortina azul escuro. O relógio digital, no alto do edifício, no fim da quadra, assinala seis horas da tarde. Sente o peso da pressão. Teme ter perdido o controle e estar agindo em obediência a seus impulsos. Precisa tomar uma atitude para corrigir a situação, porém, seus pensamentos estão fora de ordem.
É hora de voltar para casa. Tem um desejo inconsciente de ficar ali sentado naquele escritório. Não sabe como Cláudia irá recebe-lo quando chegar em casa. Se carinho, se com indiferença ou com perguntas para as quais ele não tem respostas. Porém, o que adianta ficar ali, guardando dentro do peito um amor que não pode compartilhar com liberdade, sem culpa? Antes, Aline era apenas uma fantasia que amenizava a sua dor nos momentos de enfrentar a rejeição de Cláudia. No entanto, desde que Aline reapareceu, ele tem se flagrado fazendo uma indesejável comparação entre ambas. Sabe que Aline tem algo a esconder, e isso o deixa inseguro. Não entende o que a deixa tão triste e porque ela não pode contar? Por que e pra onde será essa viagem, por quanto tempo?
Por fim, deixa a janela. Atrás da cortina, o esplendor do por do sol de uma bela tarde de verão. Ele ignora tudo e busca o conforto da sua poltrona para refletir. Reclina-se fechando os olhos, suspira buscando tranqüilidade. A porta se abre, lentamente. Aline entra e caminha na sua direção. Ele ouve uma musica suave. Abre os olhos e vira-se e depara com o passo elegante do molejo sensual, que sob o tecido leve do seu vestido, tornam mais desejável o seu corpo esbelto, de um metro e setenta. “Não suportava mais a saudade”, ela sussurra em seu ouvido, depositando a bolsa sobre a mesa. Bruno permanece imóvel, surpreso, como que indefeso. Seu perfume suave acentua seu cheiro gostoso de mulher. “Você está irresistível”, balbucia, Bruno, vendo seus lábios se aproximarem dos seus cada vez mais. Sem lhe permitir qualquer reação, ela o beija com avidez, acariciando o seu tórax. E, logo, suaviza os beijos. Em seguida, desfazendo o nó da gravata, desabotoa-lhe a camisa. Bruno continua atônito, mas inteiramente envolvido. Levanta-se e, sem apartar os lábios, a toma nos braços. Suas mãos deslizam pelas suas costas, a direita desce lentamente o fecho frontal do seu vestido, desnudando-lhe os seios. Seus lábios exploram todo o seu corpo degustando cada centímetro da sua tez macia. Seus dedos invadem suas entranhas. Aline geme de prazer. A respiração de ambos torna-se cada vez mais ofegante e a intensidade da carícias aumenta. De súbito, num gesto vigoroso, ele a pega no colo, nua, e a carrega para o sofá. Livres das roupas, entregam-se um ao outro, por completo. Feliz, por ter Aline ali ao seu lado, Bruno contempla extasiado a sua beleza, seu corpo nu e deleita-se por tê-la em seus braços. Aline brinca com pelos do seu peito, sorri, absolutamente despreocupada.
O som da sirene do Carro do Bombeiros soa, estridente, lá fora. Bruno levanta-se num sobressalto. O coração acelera. Corre para a janela. Há um alvoroço lá fora, por causa de um incêndio perto dali. Perdido entre o sonho e a realidade, varre com o olhar o escritório vazio. Fora só um devaneio. Caminha devagar até a anti-sala e abre a porta para se certificar. Está só. Havia dispensado a secretária mais cedo. Rogério não voltará mais, hoje. Espera uns minutos para que a sua respiração volte ao normal. Só, então, pega a sua pasta, joga o paletó nas costas, apaga as luzes, fecha a porta e parte para casa, sentindo ao mesmo tempo alívio e decepção.
Este texto é trecho do romance Fragmentos de uma paixão
de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.
Durante toda a tarde, Bruno tenta, em vão, concentrar-se no trabalho. Levanta-se vai até a janela e observa o movimento da rua, protegido pela grossa cortina azul escuro. O relógio digital, no alto do edifício, no fim da quadra, assinala seis horas da tarde. Sente o peso da pressão. Teme ter perdido o controle e estar agindo em obediência a seus impulsos. Precisa tomar uma atitude para corrigir a situação, porém, seus pensamentos estão fora de ordem.
É hora de voltar para casa. Tem um desejo inconsciente de ficar ali sentado naquele escritório. Não sabe como Cláudia irá recebe-lo quando chegar em casa. Se carinho, se com indiferença ou com perguntas para as quais ele não tem respostas. Porém, o que adianta ficar ali, guardando dentro do peito um amor que não pode compartilhar com liberdade, sem culpa? Antes, Aline era apenas uma fantasia que amenizava a sua dor nos momentos de enfrentar a rejeição de Cláudia. No entanto, desde que Aline reapareceu, ele tem se flagrado fazendo uma indesejável comparação entre ambas. Sabe que Aline tem algo a esconder, e isso o deixa inseguro. Não entende o que a deixa tão triste e porque ela não pode contar? Por que e pra onde será essa viagem, por quanto tempo?
Por fim, deixa a janela. Atrás da cortina, o esplendor do por do sol de uma bela tarde de verão. Ele ignora tudo e busca o conforto da sua poltrona para refletir. Reclina-se fechando os olhos, suspira buscando tranqüilidade. A porta se abre, lentamente. Aline entra e caminha na sua direção. Ele ouve uma musica suave. Abre os olhos e vira-se e depara com o passo elegante do molejo sensual, que sob o tecido leve do seu vestido, tornam mais desejável o seu corpo esbelto, de um metro e setenta. “Não suportava mais a saudade”, ela sussurra em seu ouvido, depositando a bolsa sobre a mesa. Bruno permanece imóvel, surpreso, como que indefeso. Seu perfume suave acentua seu cheiro gostoso de mulher. “Você está irresistível”, balbucia, Bruno, vendo seus lábios se aproximarem dos seus cada vez mais. Sem lhe permitir qualquer reação, ela o beija com avidez, acariciando o seu tórax. E, logo, suaviza os beijos. Em seguida, desfazendo o nó da gravata, desabotoa-lhe a camisa. Bruno continua atônito, mas inteiramente envolvido. Levanta-se e, sem apartar os lábios, a toma nos braços. Suas mãos deslizam pelas suas costas, a direita desce lentamente o fecho frontal do seu vestido, desnudando-lhe os seios. Seus lábios exploram todo o seu corpo degustando cada centímetro da sua tez macia. Seus dedos invadem suas entranhas. Aline geme de prazer. A respiração de ambos torna-se cada vez mais ofegante e a intensidade da carícias aumenta. De súbito, num gesto vigoroso, ele a pega no colo, nua, e a carrega para o sofá. Livres das roupas, entregam-se um ao outro, por completo. Feliz, por ter Aline ali ao seu lado, Bruno contempla extasiado a sua beleza, seu corpo nu e deleita-se por tê-la em seus braços. Aline brinca com pelos do seu peito, sorri, absolutamente despreocupada.
O som da sirene do Carro do Bombeiros soa, estridente, lá fora. Bruno levanta-se num sobressalto. O coração acelera. Corre para a janela. Há um alvoroço lá fora, por causa de um incêndio perto dali. Perdido entre o sonho e a realidade, varre com o olhar o escritório vazio. Fora só um devaneio. Caminha devagar até a anti-sala e abre a porta para se certificar. Está só. Havia dispensado a secretária mais cedo. Rogério não voltará mais, hoje. Espera uns minutos para que a sua respiração volte ao normal. Só, então, pega a sua pasta, joga o paletó nas costas, apaga as luzes, fecha a porta e parte para casa, sentindo ao mesmo tempo alívio e decepção.
Este texto é trecho do romance Fragmentos de uma paixão
de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.