Marx tinha razão (?)
O assunto é a tal crise mundial. Não se fala em outra coisa, ainda que não se entenda bem o que está acontecendo, mas a crise é o assunto. Outro dia ouvi um comentário tipo: "Quando se fala muito em crise, é porque as coisas vão apertar e geralmente sobra para o mais pobre". Parei. Pensei. E concordei. Nestes quase 40 anos de vida posso te afirmar que já passei por algumas crises. Lembro da falta do feijão, isso pelos idos de 1973/74 (lembra?). Mamãe (saudosa D.Geny) precisava acordar as 4 da manhã e entrar numa fila daquelas para garantir o "pretinho". Depois vivi outras tantas crises e o que me chama a atenção é o ponto comum de todas, como registrado no comentário que ouvi: Sempre o pobre, ou seja, o que menos entende é o mais afetado, seja na fila, seja na poupança, seja no emprego.
Hoje, como acontece todas as manhãs, visitei um amigo. João. Este nosso amigo (por meio desta crônica, passa a ser seu também, leitor), é administrador. Logo depois dos comentários casuais, João me perguntou: "E a crise?", "É, não se fala em outra coisa" respondi. "É, recebi um comunicado da empresa. Vou ter que promover um corte em 25% no efetivo" falou. Olhei, sem saber o que responder. João continuou, em tom de desabafo: "Gente que precisa trabalhar. Gente que sustenta filhos e netos. Gente humilde". Pude perceber a tristeza em sua voz. "É a crise" complementou. Sem ter muito o que falar, lembrei de Karl Marx, o tal Pai do Comunismo. Marx afirmava que "no capitalismo, o maior lucro do empresário não era no produto e sim na mão de obra" (Mais valia). Analisei com frieza a afirmação.
Passei com cuidado pelas lembranças até perceber que a cultura empresarial vê, sim, a demissão como solução. E sempre, repito, sempre o lado mais pobre e menos favorecido. Será que os competentes empresários, gerentes, empregadores não vêem outra forma de passar pelas crises? A forma é única? Será, que, definitivamente, Marx está certo?