VAMOS CURTIR UM NARGUILE?

Outro dia, no salão de jogos de um prédio, vi um garoto, de uns dez anos, com um aparelho estranho nas mãos, aspirando fumaça.

Assustei-me!

Na minha imodesta ignorância, penalizei-me ao imaginar sofresse de alguma doença pulmonar e aquilo fosse um vaporizador, um respirador artificial.

Não era!

Entre risinhos, explicaram-me que era o Narguile...

Até eu entender o nome, o aparelhinho já havia passado por outras duas bocas adolescentes.

Isso não faz mal, emendou o interlocutor que me explicou.

De onde saiu isso, retruquei.

Costume árabe. Você não assistiu o Clone?

Pensei na ovelha Dolly, mas ele se referia a uma novela da Venus Platinada, exibida no final do século passado - dito assim, parece mais antiga, nostálgica.

Essas macaquices dos fãs, pensei.

Vestimentas imitando viúva Porcina não faziam mal à saúde, mas o “narguile da Jade” faz.

Não avançarei na seara da discussão técnica, mas é claro que qualquer alteração constante na temperatura interna do corpo faz mal às células degenerando-as e destruindo-as, ocasionando um câncer.

O produto faz tanto mal que mesmo em países atrasados em saúde pública como o braziu sua venda é proibida a menores.

Enquanto eu fazia minha cara de “ah! é”, ia observando o brinquedo passando de boca em boca.

Rodava mais que cuia de chimarrão em roda de gaucho.

Será que os adolescentes sabem o que é herpes?

Deviam ser informados que em países onde o uso do Narguile é acentuado, existe um alto risco de transmissão de hepatite A, herpes e tuberculose.

Meu interlocutor entendia do assunto e animou-se.

Não ligue, não! Tem diversos sabores. Pêssego, maçã-verde, coco, flores e mel, disse-me entusiasmado.

Meio sem jeito, perguntei se não seria mais seguro e salutar comer o pêssego e a maçã-verde, tomar a água do coco, sentir o perfume das flores e tomar uma colher de mel?

Ele riu de minha chatice inquisitiva e explicou que a água que vai dentro purifica e dissolve a fumaça.

Minha cara deve ter sido a de “não acredito!”.

Fui ler sobre o assunto.

A água potencializa a fumaça e amplia o mal ao dissolver as toxinas.

Estas podem, óbvia e efetivamente, causar câncer de pulmão, doenças cardíacas, tuberculose, herpes, hepatite, infarto, pneumonia e disfunção erétil.

Sem contarmos o risco de algum maldito traficante infiltrar-se no grupo e colocar uma dosezinha de crack, às escondidas, no brinquedinho.

O que posso fazer ante a publicidade midiática que divulga esses vícios?

Só lembrar, agora modestamente de verdade, que provavelmente um dia o garoto precise realmente de um respirador artificial, face aos danos que lhe causarão o uso do tal de Narguile...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 11/02/2009
Reeditado em 11/02/2009
Código do texto: T1433165
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