Zeugma e eu
Algumas vezes sentimos que falta uma parte em nós, que precisamos de algo que seja uma ponte, que nos ligue à nossa pessoa inteira, desejo de completude; traço completo. Aconteceu comigo: encontrei Zeugma; ela, a mim. Quando a conheci ela era uma figura portentosa; eu, pequeno. Nos encontramos no Metrô quando ela subia as escadas; eu, descia. Ela olhou para mim sorrindo; eu, pescrutando. Meus passos correram ao seu encontro; ela, andando. Pedi a ela que parasse; ela, que continuasse. Vi que seus olhos eram verdes; os meus, castanhos. Disse-lhe meu nome completo; ela, o sobrenome. Ela morava na Zona Sul; eu, na Zona Norte. Peguei em suas mãos; ela, em meu coração. Beijei seus lábios; ela, minha alma. Foi amor à primeira vista, e unidas as afeições.
Zeugma e eu nos completamos, convivemos juntos; gostos separados. Ela gosta de novela; eu, de futebol. Ela prefere ler revistas; eu, livros. Para assistirmos filmes, ela escolhe romances; eu, dramas. Mas ela acompanha a mim; eu, a ela. Isso une Zeugma e eu, como Alexandre, o Grande, uniu Seleucia e Apamea; Zeus, Eros e Psyché. Zeugma gosta de nossa união; eu, também. Como os deuses podem; nós, também!