MISTÉRIOS NÃO REVELADOS DO AMOR
MISTÉRIOS NÃO REVELADOS DO AMOR
Marília L. Paixão
Te escondi debaixo de um lençol de uma tarde quente. Também, para que abusar de uma alma virgem após as viagens de tantas coleções de anos modernos? Será que sonhar é um verbo velho? Deixei sua alma fazendo-se de alma boba do amor. Mas o que o amor não faz?
Tudo faz o tal do amor...
Faz o rio mover o mar e o mar mover o rio. O tal do amor é um desatino. Quem não sente o amor até sentir-se transbordado em loucuras ainda não sentiu exatamente o quanto essa tal criatura lhe despenteia os cabelos da serenidade e da calmaria.
Já imaginou um cavalo desvairado correndo pelo campo? Não estou dizendo que o amor ensandece este tanto. Já imaginou uma queima de fogos nos olhos do seu coração a pino?
Não estou dizendo que o amor toma conta de todos os brilhos, mas os que o ser apaixonado consegue ver, sim.
Por outro lado, o amor de tão bandido que é pode criar armadilhas. O mesmo belo amor pode lhe encher de feridas. Deseja correr do amor ou a ele se lançar como se abraçasse o último riso, o último gozo, o último aperto dentro do peito tão extasiado não querendo jamais despedir-se da vida?
O amor é assim metade cara de um e metade cara do outro enquanto o amor une dois corações bobos. Quanto tempo dura um amor? Quanto tempo dura uma febre? Quanto tempo dura um show? Quanto tempo dura uma chuva? Quanto tempo demora a acontecer uma mudança de cara das nuvens?
Abra um livro, uma janela, uma página bela. Depois feche a porta e convide os segredos para entrarem devagar. No ar deixe o instante em que mentiu quando preferiu não falar de amor mesmo que lá dentro o amor já entornasse. Que o melhor do amor é o seu mistério não revelado.