É tempo de praia

Vivemos num país continental com mais de 8 mil kilometros de praia, que a imensa maioria dos brasileiros nem pode curtir. Pelo simples fato que metade de seu trabalho suado durante o ano, vai para os cofres públicos em forma de impostos, e a outra metade para suprir as necessidades básicas que os impostos teriam que sanar. Desta forma, se o cidadão trabalhador quiser curtir o verão à beira mar, terá que fazer uma divida para pagar durante o ano.

Os impostos são usados pelos nossos estimados parlamentares que vão á praia no verão. Prolifera pelo país, cursos de verão para vereadores, principalmente, abusando de diárias para curtir um veraneio a custa dos burros de carga da nação. O mais impressionante destes cursos é que são realizados em cidades com um apelo turístico gritante. Minha duvida é o que se discute nestas aulas. Nada que se informe noções de ética. Possivelmente se pressupõe, que as raras reuniões a beira mar, ou beira alguma maravilha do mundo moderno, trata-se unicamente das formas de aproveitarem os próximos cursos, digo, férias, nas contas publicas.

Tamanha cara de pau de um nobre edil da cidade de Encantado – RS, ele estava sendo filmado com uma câmera escondida por uma equipe de televisão numa praia do litoral, quando deveria estar na capital participando de um seminário. Neste ínterim, o repórter ligou para o nobre legislador, que caminhava pelo jardim em trajes praianos afirmando categoricamente que estava no evento em Porto Alegre. Campeão de gastos em outros anos só com diária, quando chegava a ganhar mais de 20 vezes o salário, o vereador afirmava para a reportagem que estivera presente no curso, mas inquirido sobre o que se tratava alegou não lembrar no momento, e ainda apresentou um álibi, outro vereador do seu partido que corroborou as presenças do colega no curso.

Foi então mostrado, ao representante do povo, as imagens em que estava na praia falando ao telefone que estava em Porto Alegre, diante de provas irrefutáveis que estava mentindo, devolveu as diárias em documento suspeito, alegando ter desistido do curso dias antes do inicio. Depois das reportagens terem ido ao ar por uma emissora de tv local, na sessão plenária do dia seguinte, os vereadores debateram o assunto, e resolveram não abrir CPI para investigar o caso. Uma vereadora chegou alegar que diante das imagens era inegável o fato, mas que ela não estava ali para julgar ninguém.

Sempre pensei que os vereadores precisassem estar de olho nas ações do prefeito e dos colegas. Seria o caso de usar a velha frase de meu avô: “Quem tem rabo grande, não pisa no rabo dos outros”. Essa retórica de que não estamos aqui para julgar, e que só a Deus caberá algum julgamento, é uma afronta à sociedade moderna “pluri-dogmática”, e um rasgo imenso na nossa constituição. Ainda mais, dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas não fazem efeito ao vereador que ainda vai processar quem levantou calunias a seu respeito, mesmo que tenha afirmado em rede estadual de noticias que estava e fizera ao curso, embora as imagens e o organizador do curso afirmassem que não.

Excelente exemplo vereador, para seus filhos, deve dar orgulho a um pai. O futuro do país está ai, vendo isso.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 10/02/2009
Código do texto: T1431864
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