O bode preto

Em 1957 aconteceu uma grande tragédia onde perderam a vida cerca de trinta pessoas, ficou conhecido como o furacão de Palmas. O fato aconteceu na Fazenda Fortaleza com impacto maior em uma serraria existente no local, mas o rastro de destruição estendeu-se por muitos quilômetros deixando marcada sua passagem. Muitos anos depois ainda eram visíveis grandes árvores arrancadas de suas raízes e outras crescendo tortas devido ao forte vento que por ali passara.

Nasci quatro anos depois de o fato ter ocorrido e mesmo assim lembro-me dos estragos que causou.

Havia ao lado da estrada, nas imediações de onde passara o furacão, um poço de águas limpas que era usado pelos passantes e muitas vezes o local servia de pouso aos que vinham do interior para a cidade e vice-versa, depois que aconteceu a catástrofe diziam que ali aparecia em noites escuras um grande bode preto que com seus bufos medonhos assustava os que pernoitavam no lugar.

Com isso, nós crianças tínhamos medo de passar por ali mesmo de dia, e eu particularmente fiquei mais amedrontado ainda depois de ouvir um senhor contando a história que se passou com ele.

Este senhor, que possuía um automóvel, levava pessoas para cá ou para lá conforme a necessidade de cada uma fazendo às vezes de taxi. Certa ocasião no início da noite passando naquele lugar onde diziam aparecer o bode preto, aconteceu do motor do seu carro falhar e acabar morrendo, depois de várias tentativas para fazê-lo funcionar e não conseguindo, já desistindo estava fechando o capô do veículo que deixaria no local seguindo a pé, quando surgiu ao seu lado um homem pedindo carona para vir à cidade.

Procurando disfarçar o medo que sentiu, explicou a pane ocorrida no motor e para seu espanto o estranho disse-lhe para fazer mais uma tentativa de ligar o carro que funcionou perfeitamente.

Já vindo para a cidade com o carroneiro ao seu lado falaram do

acontecimento trágico que ceifara tantas vidas nas proximidades daquele local e para sua surpresa o homem lhe disse que havia sido apenas uma brincadeira que fizera anos atrás, mas que piores viriam.

Depois de deixar, na entrada da cidade, aquele personagem que lhe causava calafrios foi para casa e teve uma noite mal dormida devido aos últimos acontecimentos e na manhã seguinte precisou chamar um mecânico, pois não conseguiu fazer funcionar seu carro de jeito nenhum.

VNLUZA
Enviado por VNLUZA em 10/02/2009
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