No tempo em que a solidão dormia...
Hoje poderia conversar com alguém, mas até a solidão incomoda. Tem dias que simplesmente não acontecem, só passam. Hoje, amanhã ou depois, não se sabe, mas estes dias sempre passam. E nesta passagem pouco há o que fazer. A única companhia que compete é o isolamento, até ele quer roubar atenção. Assim, inicia uma luta interior, ou você ou ele. E quem ganha no final são os dois.
É muito visto sobre estes dias. Passam tão depressa, que o amanhã já chega rápido demais, e nem tendo a solidão como parceira, consegue-se se livrar das marcas que ficam com cada girar de ponteiro. Se fosse este o tempo mais real que importasse era só mudar a ordem do cronômetro. No entanto, o que se deixa de viver num destes dias em que a solidão incomoda, não há reparo que conserte. Só uma vontade que sai do meio do peito e começa a lhe cutucar sobre o que ficou em troca de, quem sabe, um pouco de solidão.
Quando se vê já foi o tempo que tinha para realizar alguma coisa, pequena ou grande, não importa, mas são realizações que podem vir num tempo certo para o seu tempo e errado para um tempo que só tem 24 horas. Deste aí, receio por cada segundo que pode roubar de uma vida. Enquanto uns contam com ele, outros correm com medo do que pode acontecer se o tempo decidir correr mesmo.
E com toda estação que tem, mesmo aqueles cheios de tempo convivem com a solidão, ela muitas vezes pode vir acompanhada quando estamos apenas fazendo papel de expectador ou aguardando o desfecho que o tempo vai dar. Enquanto isso muito destes dias tem passado. Há aqueles que já começam com a hora de dormir e os que ainda de madrugada já cansam no primeiro toque do despertador, aquele que é o único com controle do tempo.