Além de Todas as Batalhas
Além de todas as batalhas, havia crianças que cultivavam o ódio desde cedo. Desde o berço, desde a primeira pedra e desde o primeiro disparo. Além de tudo quem se importa?
Além de todas as guerras, havia mães que choram filhos mortos por causa de um quê... Um quê? Quem se mataria assim por mero poder? Poder, poder, poder e poder... Poder que cega e todos perdem sempre mais além da visão.
Além de todas as palavras de paz que nunca ecoaram para parte alguma e para sempre foram silenciadas pelo túmulo. Palavras que não ecoam ainda, e mesmo com os gritos das crianças mortas - as almas - ainda não se fazem ouvir palavra alguma. O que fizemos? Além de tudo - além da cegueira - somos surdos.
Além de todas as lágrimas que irrigam a terra e fazem brotar mais ódio inconsciente. Ódio que dá filhos e frutos. Ódio que dá trabalho para o pai desesperado ao ver seus filhos com fome. Ódio que brota da lágrima endêmica de um continente esquecido.
Além de todas as batalhas uma pergunta: até quando? Até quando os filhos cultivaram o ódio? Até quando seremos reféns de quem deveria nos proteger - reféns de nós mesmos? Até quando seremos um mundo só de esperanças fúteis?
Além de tudo isso, você teria alguma voz?