Garota do Fantástico

Ouvi zoando por aí uma conversa sobre o concurso da Garota do Fantástico. Imediatamente a minha mente viajou ao passado e trouxe de lá lembranças que marcaram fortemente uma época. Pra quem assistia ao veterano programa dos domingos, no final dos anos 90, a Garota do Fantástico era o aperitivo antes do jantar ou o licor no final de noite.

Para quem não vivenciou este período saiba que, de 1984 a 1989, Cid Moreira anunciava todos os domingos belas garotas de biquínis que saltitavam pela tela em cenários paradisíacos – praias, jardins- embaladas por sucessos românticos da época. O público votava por telefone para eleger a mais bela. Os prêmios não eram propriamente vultosos: uma viagem com direito a acompanhante, uma campanha de cosméticos. Mas, em matéria de repercussão as vencedoras não tinham do que reclamar. Ser Garota do Fantástico abria muitas portas.

Várias delas começaram a carreira ao mostrar suas formas nos clipes sensuais. Gisele Fraga, Luciana Vendramini, Paula Burlamarqui, Núbia de Oliveira, Mari Alexandre, Viviane Araujo e por aí vai. Como você deve ter constatado era um concurso de peso, ou melhor, de curvas, muitas curvas. Tudo envolto no estilo e no glamour que a rede Globo impõe aos seus programas. Mesmo que as primeiras aparições de topless acontecessem em algumas cenas, o lado artístico buscava ofuscar a ousadia explícita. E aos olhos do avô, do pai, do filho ou do neto o programa era o verdadeiro colírio dos domingos.

Volto ao ponto em que soube que estavam abertas as inscrições para o concurso da Garota do Fantástico. Corri para me inteirar do assunto. O concurso iria acontecer mesmo, numa parceria da agência de modelos Mega com o Fantástico. Rodando o Brasil inteiro, durante quatro meses até ser, finalmente, escolhida a Garota Fantástica.

“Interessante” foi o que pensei, mas uma ponta de frustração invadiu o meu saudosismo romântico. Garota Fantástica? Top Model? Como assim? As garotas daquela década (vou repetir) tinham curvas, lindas curvas. Eram garotas brasileiras desfilando e não modelos de passarela. Eram mulheres de carne e osso, mas com muito mais carne do que é permitido a uma Top Model ter. Murchei! Sim, vai ser legal. Boa sorte as meninas! Mas o passado permanece onde sempre esteve; intocável, inigualável, nas noites de domingo que não voltarão jamais.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 09/02/2009
Reeditado em 10/02/2009
Código do texto: T1429825