Cenário: Olinda
Segunda-feira de Carnaval...
Quatro-cantos.
Gente saindo pelo ladrão e ladrão saindo com carteiras de gente...
Pois "eu acho é pouco". Quem manda ir pra Olinda? "Se não agüenta pra que veio???". Ficava em casa vendo televisão. Mas não, quer tá no "vuvo-vuco", então num reclama.
Ladeiras cheirando a xixi de todos os lugares, de vários idiomas...
Só com muito pau-do-índio pra subir tantas ladeiras...
Melhor carnaval de rua do Brasil! (pra quem gosta MUITO de carnaval, claro).
Chego na rua do Amparo, amparado pelo bloco das
"Enfermeiras ".... Sete caipiruvas rodando com a cerveja... frevo no pé. Cadê o pé???
Ao som dos clarins de Momo, o povo aclama....
- Olinda, quero cantar, a ti, essa canção.....
Aonde estou??? Quem sou eu? Vim sozinho?
Encontrei minha mulher no "Siri na Lata" e pelo andar da carruagem, melhor só encontrá-la no "Bacalhau do Batata". Aliás, ela me botou pra correr desde o Galo, ainda de madrugada... Saí cedinho, vestido de bebê com uma mamadeira na mão. Ela ameaçou sair de diaba e fazer um inferno no meu coração. Se ela foi??? Sei não. Melhor nem saber.
- Dá licença, dá licença...peço a uma senhora (quanta educação...).
- Eu podendo dar eu dou (responde ela).
- Ainda bem que eu só pedi licença...
Sento na calçada por dois segundos.... Vem lá as "almas sebosas" e me levantam pro furdunço.
Não vou pra casa, vou dormir por aqui. Se for, amanhã não volto. Melhor não ir. Durmo como um cachorro vira-lata, na calçada. No melhor do sono passa " A Corda" e me puxam pelo braço. Cansaço? Só na quarta, depois do Batata.
Ih! Lá vem o "Cata-Corno". Esse eu tô fora. Aliás, por essas alturas acho que tô dentro.
E lá vou eu... "Mulher do Meio dia", "Menino da tarde", Homem da meia Noite"...
Até agora não fiquei com nenhuma mulher...
Vem descendo a ladeira uma diabinha até organizada. Agarro pela cintura, já sem nenhuma compostura (isso passou longe) e digo:
- Êta diaba bonita danada! Isso é que é mulher!
Ela me olha espantada, com jeito de "conheço esse cara" e me responde:
- Esse é o homem que nenhuma mulher quer!
E me larga na ladeira, sozinho na bebedeira.
Fico olhando ela de costas... conheço essas pernas grossas...
A diaba era minha mulher, tão linda e faceira, que não encontrei em casa nem mesmo na quarta-feira.